quarta-feira, 19 de maio de 2010

Luta Antimanicomial



O movimento da luta antimanicomial atrai muita simpatia e até ganhou um dia, 18 de maio, para celebração. Infelizmente, a verdade é que esse movimento tem muitos equívocos, para não dizer que é até contrário à promoção de atendimento de qualidade aos portadores de transtornos mentais no Brasil. É compreensível que parte da população, por desinformação, veja com bons olhos essa iniciativa formada por belas teorias e atitudes sensacionalistas. As cabeças por trás do evento, no entanto, deveriam pensar melhor em suas ações sob pena de tornarem-se responsáveis por impedir avanços nessa área.
Nesse sentido, é conveniente começar reavaliando a nomenclatura do movimento. Quando se fala em manicômio, não se exprime a realidade atual dos hospitais e tratamentos psiquiátricos. Essa palavra possui carga tão pejorativa que dificulta uma discussão equilibrada sobre a questão. Com razão, as pessoas têm preconceito sobre o que essas instituições significaram no passado.
A principal dificuldade da psiquiatria hoje não é falta de estrutura, de dinheiro ou de apoio da administração pública. O grande obstáculo é o estigma de que são vítimas pacientes, familiares e até os médicos. O problema é tão grande que seus efeitos não se resumem a constrangimentos pessoais. Essa idéia coletiva também motiva políticas públicas equivocadas.
Recentemente, o governo fechou grande parte dos leitos psiquiátricos em hospitais públicos. Dessa maneira, desalojou muitos pacientes que necessitavam da internação e, como resultado, sofreram retrocesso no tratamento. E isso foi uma decisão demagógica, apenas para consumo externo, sem nenhum amparo científico. De certo ponto de vista, trata-se de atitude até compreensível, já que enquanto a população continuar relacionando a internação de doentes mentais com privação de liberdade não vai faltar político fechando leitos e hospitais para ganhar aplausos da população desinformada.
Esse movimento será muito mais produtivo quando deixar de manipular as massas e passar a informar a sociedade. A principal verdade omitida à população é que existem pacientes que precisam ser internados, sim. Em determinados casos, esse é o único procedimento recomendado. Além disso, maus tratos ou métodos ultrapassados em hospitais psiquiátricos são condenados por toda a comunidade médica e pela psiquiatria atual. A internação, e todas as ações envolvidas, estão sustentadas por estudos científicos e são conduzidas por profissionais capacitados.
Infelizmente, no Brasil, a palavra antimanicômio soa para muitos como antitratamento psiquiátrico. Portanto, é preciso cuidado com a retórica de adesões fáceis. A principal arma da luta antimanicomial deve ser a informação de qualidade e não palavras de ordem. O movimento deveria deixar de ser antimanicômio e tornar-se pró “Relatório sobre a saúde no mundo” publicado pela Organização Mundial de Saúde, que no trecho referente a saúde mental recomenda que se exija, prioritariamente, o seguinte:
- Reconhecimento da saúde mental como componente da atenção primária de saúde;
- Investimento em hospitais psiquiátricos com melhor qualidade de atendimento de forma a incentivá-los a abrir residências terapêuticas e CAPs;
- Treinamento de atualização a médicos da atenção primária (pelo menos 70% de cobertura em 5 anos);
- Inclusão dos transtornos da saúde mental nos sistemas de informações básicas de saúde, além de instituir a vigilância de transtornos específicos na comunidade (por exemplo, depressão);
- Realização de estudos em contextos de atenção primária sobre prevalência, evolução, resultados e impacto dos transtornos mentais na comunidade.
E, por fim, colocar em prática projetos como os da Associação Brasileira de Psiquiatria, que trabalha junto ao Ministério da Saúde pleiteando a promoção de campanhas publicitárias de esclarecimento para combater o estigma, mobilizando os psiquiatras para a colaboração do ABP Comunidade - projeto que prevê levar informações claras sobre os principais transtornos mentais à população através da internet e ainda com palestras gratuitas em diversas regiões do País, participando ativamente de diversas organizações e esferas políticas relacionadas ao setor através das comissões de avaliação da reforma do modelo assistencial em saúde mental, junto ao Ministério da Saúde, comissão de ética, direitos humanos e exercício profissional, representantes junto ao Senad, Conad, CFM, AMB, ONU, Ministério da Educação, dentre outros.
É certo que propor soluções exige mais que apenas criticar ações, porém, os resultados são muito mais eficientes e duradouros.


autor: Josimar França (presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria)

domingo, 16 de maio de 2010

Ciúme


Todos nós cultivamos certo grau de ciúme, afinal, quem ama cuida. Mas, como este desvelo pode variar na interpretação de uma pessoa para a outra, de forma análoga, o ciúme também o variará. Portanto, desenvolve-se quando sentimos que nosso parceiro não está tão estreitamente conectado conosco como gostaríamos, e a relação diádica, valorizada, mostra-se ameaçada. O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, senão universal, podendo ser difícil a distinção entre ciúme normal e patológico. Na verdade, pouco se sabe sobre experiências e comportamentos associados ao ciúme na população geral, mas segundo os ultimos estudos 100% dos entrevistados responderam positivamente a uma pergunta indicativa de ciúme, embora menos de 10% reconheceu que este sentimento acarretava problemas no relacionamento (Mullen, 1994). Ele pode ser considerado como um conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado. A maneira como o ciúme é visto tem variações importantes nas diferentes culturas e épocas. Assim, no século XIV relacionava-se à paixão, devoção e zelo, à necessidade de preservar algo importante, sem conotações pejorativas de possessividade e desconfiança. Nas sociedades monogâmicas o ciúme se associa à honra e moral, sendo até um instrumento de proteção da família, talvez um imperativo biológico ou uma adaptação à necessidade de ciência da paternidade. Até bem pouco tempo atrás, dava-se grande ênfase à fidelidade feminina, enquanto a infidelidade masculina era mais bem aceita. Mesmo em tempos modernos, atribui-se um papel positivo a alguma manifestação ciúme, considerando-o um sinal de amor e cuidado. Na literatura, encontramos na obra de "Otelo – O Mouro de Veneza" de William Shakespeare a retratação do ciúmes, sendo hoje utilizada tal obra pra nomear uma síndrome em decorrência do ciúmes exacerbado, a síndrome de Otelo, caracterizada pelo ciúmes patológico.
Existem inúmeras classificações quanto a intensidade, a “normalidade” deste sentimento, segundo o psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, existem quatro tipos de ciumentos: o zeloso, o enciumado, o ciumento e o delirante, capaz de matar caso se sinta traído; afirmando que se analisarmos mais detalhadamente o ciúme, percebemos logo de início, que não se trata de um sentimento voltado para o outro, mas sim voltado para si mesmo, para quem o sente, pois é, na verdade, o medo que alguém sente de perder o outro ou sua exclusividade sobre ele. É um sentimento egocentrado, que pode muito bem ser associado à terrível sensação de ser excluído de uma relação. O normal, mais comum, é a pessoa sentir-se enciumada em situações eventuais nas quais, de alguma forma, se veja excluído ou ameaçado de exclusão na relação com o outro. Tal psiquiatra, ainda, afirma que em um grau maior de comprometimento emocional, quando há uma instabilidade neurótica ou de autoafirmação, a pessoa pode apresentar-se como ciumento. Neste caso, a sensação permanente de angústia e instabilidade, a insegurança em relação a si mesmo e ao outro, além da fragilidade da relação afetiva, podem levar a pessoa a manter um permanente "estado de tensão", temendo ser traído ou abandonado. Qualquer sinal do outro pode significar algo e a angústia da dúvida corrói a alma de quem é ciumento. Em uma terceira situação, ainda mais grave sob o ponto de vista de comprometimento do psiquismo, podem ocorrer situações delirantes em que a desconfiança do ciumento cede lugar a uma certeza infundada de que está mesmo sendo traído ou abandonado.
O ciúmes é classificado em normal e patológico. O normal é transitório e baseado em fatos, sendo que o maior desejo seria preservar o relacionamento, ocorre um contexto interpessoal, entre o sujeito e o objeto, envolve duas pessoas. No ciúme patológico há geralmente o desejo inconsciente da ameaça de um rival e seria intrapessoal, só dentro do sujeito. Segundo Geraldo Ballone, o ciúme patológico é um grande desejo de controle total sobre os sentimentos e comportamento do companheiro. Há ainda preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer como pensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes. "O Ciúme Patológico é um problema importante para a psiquiatria, que envolve riscos e sofrimentos, podendo ocorrer em diversos transtornos mentais. Na psicopatologia o ciúme pode se apresentar de formas distintas, tais como idéias obsessivas, idéias prevalentes ou idéias delirantes sobre a infidelidade. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), o ciúme surge como uma obsessão, normalmente associada a rituais de verificação", explicou o psiquiatra.
Célia Bezerra afirma que, geralmente o que move o "ciumento" é um desejo de controle total sobre a outra pessoa. Mas, por mais controle que consiga nunca é suficiente. A pessoa que sofre deste "mal" está sempre à procura de confirmações para suas suspeitas através principalmente de confissões que nunca deixa satisfeita a pessoa ciumenta porque sempre surgem outras suspeitas. O ciumento vive um eterno sofrimento, e acaba experimentando stress, descontrole emocional, terminando por causar um tremendo clima de tensão e desajuste familiar, aliando a este clima cenas públicas constrangedoras para ela e para a família.
Síndrome de Otelo, em referência ao personagem shakespeariano que sofria deste mal, e pode levar a pessoa a cometer atos de extrema agressividade física, configurando aqueles casos que recheiam as crônicas policiais de suicídios e homicídios passionais.
Enquanto os casos mais brandos de ciúme podem ser uma manifestação de má estruturação da auto-estima, os intermediários refletirem estados neuróticos, os casos da "Síndrome de Otelo" são, indiscutivelmente causados por patologias psiquiátricas graves, as chamadas psicoses ou, ainda, por problemas neuropsiquiátricos como os diversos tipos de disritmia cerebral descritas na medicina.
Diante desse fato, como podemos nos prevenir da Síndrome de ateio e como podemos ajudar pessoas que sofrem com o excesso de ciúme? De qualquer forma, o complexo sentimento de ciúme, longe de ser aquele "condimento" que toma a relação amorosa mais "apetitosa", é um sentimento que leva, via de regra, ao sofrimento de quem o sente e, principalmente, de quem padece nas mãos de um ciumento desconfiado e agressivo. Nas palavras do escritor Eduardo Ferreira Santos, o ciúme é, em última análise, um SINAL DE ALERTA! É uma "luz vermelha" que se acende no painel da vida, indicando que algo está falhando. Seja em um ou no outro, seja na relação, algum "ruído" está denunciado pelo ciúme.
Quanto mais intenso e menos controlável maior o problema. Quanto maior a intensidade desse sentimento, mais estaremos ultrapassando os limites da normalidade, para, aos poucos, podermos ser devorados por uma obsessão capaz de destruir qualquer relacionamento."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

cinco linguagens do amor




Após trinta anos aconselhando casais e famílias, o antropólogo, Dr. Gary Chapmam, ficou convencido de que existem cinco linguagens básicas, pelas quais o amor é expresso e compreendido. Cada ser humano nasce com uma forma de identificar, dar e receber amor. A isso chamaremos "linguagem" e às diferentes formas de expressá-la de "dialetos". Tentar expressar amor em sua própria linguagem à alguém que possui outra é o mesmo que fazer uma declaração em hebraico pra alguém que só fala alemão! O primeiro passo é identificar qual a sua linguagem, e em seguida qual a do seu cônjuge. Com isso será possível tanto expressar amor de forma que a pessoa se sinta amada como também levar seu cônjuge à percepção de qual é a linguagem que faz com que você receba de forma efetiva sua expressão de amor.


As cinco linguagens são:
  • Palavras de Afirmação: são sentenças expressas em elogios como "a janta estava ótima", afirmações, (ex: acho que você faz isso muito bem), e incentivos como "vai dar tudo certo"; Uma maneira de expressar o amor é edificar os outros através do encorajamento verbal.


  • Qualidade de Tempo: é a dedicação de um tempo exclusivo, ainda que pequeno. As expressões ou dialetos podem ser: conversas de qualidade, passeios, assistirem tv juntos, etc;


  • Presentes: o que menos importa é o valor financeiro. Pode ser: colher uma flor, comprar uma pizza, dar uma jóia; Dar presentes é a terceira maneira de dizer “Eu te amo”. Embora, freqüentemente seja um gesto simples, tem grande significado, pelo que representa. O ato de dar presentes de improviso (diferentes dos presentes dados em ocasiões especiais como aniversários ou festas) envia a mensagem “Estive pensando em você”.


  • Gestos de Serviços: aqui o que você faz fala mais alto do que qualquer palavra. Dialetos: lavar a louça, consertar a fechadura, cozinhar, levar o lixo pra fora, etc; é outra maneira de comunicar o amor – através de ações de serviço. Isso significa fazer algo especial para outra pessoa que você sabe que vai apreciar. Fazer algo diferente fora do dia a dia.


  • Toque Físico: o importante é saber quando, como e onde tocar a pessoa. Ex: beijos, abraços, cutucão com o cotovelo, por a mão no ombro, relações sexuais, etc;

O importanre é usar a linguagem correta constantemente e se aperfeiçoar em conhecer dia a dia todas as formas, ou, dialetos pelos quais sua expressão é entendida da forma mais efetiva.