quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

COMPULSÃO SEXUAL


A compulsão sexual é uma síndrome caracterizada por fantasias sexualmente excitantes, recorrentes e intensas, impulsos ou comportamentos sexuais envolvendo padrões que não são suficientemente anômalos para se encaixar na definição de parafília. Normalmente, tais indivíduos não ficam só na fantasia, e a doença os leva aos comportamentos sexuais exagerados e, às vezes, perigosos. Acometem indivíduos de diferentes perfis socioeconômicos e culturais, alijando-os do trabalho, bem como do convívio familiar e social, o que se constitui em fonte de grande sofrimento pessoal, perdas significativas e constrangimentos.
Carnes (2000) estabelece um ciclo em quatro etapas para o Comportamento Sexual Compulsivo:
· A primeira etapa é a preocupação, na qual a pessoa apresenta um afeto semelhante ao do transe, estando completamente absorta em pensamentos de sexo e partindo para busca obsessiva de estimulação sexual.
· A segunda etapa é uma ritualização, na qual a pessoa desenvolve uma rotina que leva ao comportamento sexual. O ritual serve para intensificar a excitação.
· A terceira etapa é da gratificação sexual, mediante o ato sexual em si, onde a pessoa se sente incapaz de controlar seu desejo.
· A quarta etapa, o desespero, vem após o Comportamento Sexual Compulsivo e se caracteriza por uma sensação de impotência e desânimo.
Esse autor termina observando que as pessoas com Comportamento Sexual Compulsivo gastam uma quantidade enorme de energia emocional para manter secretos seus comportamentos e inclinações sexuais, levando, paradoxalmente, ao isolamento social e sexual.
A diferença entre compulsão e obsessão está na necessidade repetitiva de realizar atos sexuais. A atividade sexual passa a dominar as atividades da vida diária da pessoa e acarreta prejuízos, ou seja, a pessoa perde o controle do impulso sexual, sente uma constante necessidade de buscar sexo (em muitos casos, não necessariamente com o coito) e vira dependente. A obsessão tem menor intensidade de ansiedade e traz menos conseqüências sociais. Em sexo, não há regras definidas de certo ou erradas nem de muito ou pouco. Há pessoas que necessitam de sexo mais do que outras e não podem ser rotuladas de viciadas.

A compulsão sexual inicia-se geralmente, segundo a organização mundial de saúde- 1993, no final da adolescência ou no inicio da vida adulta; o sexo que é considerado pela OMS como critério que determina a qualidade de vida do individuo, quando praticado em excesso, pode sim, fazer mal e ser sintoma do problema denominado de compulsão.3 A busca desregrada por parceiros e sexo solitário marcam de formas distintas a compulsão sexual de homens e mulheres, mas para ambos a perda do autocontrole causa impactos dolorosos em suas vidas.
A compulsão sexual pode ser classificada como parafílica, quando existem comportamentos sexuais incomuns, como o exibicionismo, fetichismo, entre outros; e não-parafílicas, na ausência de comportamento sexual incomuns.
O comportamento sexual excessivo manifesta-se por inúmeras praticas sexuais, como a busca compulsiva de novas parcerias, masturbação compulsiva, consumo de material erótico exacerbado (vídeos, revistas) e uso compulsivo da internet para excitação sexual.
Segundo o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, de Carmita Abdo, em 2004, as praticas sexuais, caracterizadas de compulsivas, exacerbadas, apresentas pelos brasileiros são: bissexualidade (4,2%), experiência homossexual ao menos uma vez (23,5%); sexo a três (38,7%); sexo grupal (29,3%); sexo com profissionais (62,5%); sexo por dinheiro (14,4%); sexo sob influencia de alcool (61,2%); sexo sob influencia de drogas (18,4%); comportamento masoquista (24,5%), comportamento exibicionista (28%), penetração anal e vaginal desprotegidas (32,7%).

Para a realizaçao do diagnostico do comportamentos sexual exacerbado: comportamentos que causam sofrimento e prejuízo clínico significativo, manifestado nos últimos 12 meses por três ou mais dos seguintes aspectos:
1- Tolerância, diante das praticas sexuais cada vez mais intensas e frequentes para se obter a mesma satisfação que havia no inicio do quadro. À medida que a satisfação não ocorre, o ciclo se retroalimenta;
2- Abstinência, caracterizada pela presença de sintomas físicos e/ou psíquicos quando o individuo evita se envolver em práticas sexuais;
3- Duração longa e intensa crescente do comportamento;
4- Fracasso em controlar o comportamento;
5- Ritual de busca: muito tempo e energia gastos com atividades para obter sexo;
6- Prejuízo nas atividades sociais, ocupacionais e recreacionais;
7- Continuidade do comportamento,a despeito de conseqüências adversas.

O tratamento baseia-se na farmacoterapia, na psicoterapia individual e/ou de grupo, terapia de casal ou familiar, por tempo indeterminado. Nos casos de risco para o paciente ou para a sociedade, a internação pode ser necessária.


Bibliografia

1 - Abreu, Cristiano Nabuco de; Manual clínico dos transtornos de controle dos impulsos / Cristiano Nabuco de Abreu, Hermano Tavares, Táki A. Cordás, organizadores. – Porto Alegre: Artemed, 2008.
2 – Marzano, Celso – www.desejosexual.com.br
3 - Revista Psique Ciência & Vida – nº 31; São Paulo, Ed. Escala; 2008
4 - Ballone GJ - Comportamento Sexual Compulsivo - in. PsiqWeb, Internet, http://gballone.sites.uol.com.br/sexo/hipersexo.html; revisto em 2003
5 - Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas – Coord Organiz. Mund. Da Saúde; trad. Dorival Caetano – Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
6 - DSM-IV-TR - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. trad. Cláudia Dornelles; - 4. ed. ver. – Porto Alegre: Artmed, 2002.
7 - Revista Terapia Sexual – Clínica – pesquisas e aspectos psicossociais. I. São Paulo: Iglu, 1998.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ejaculação Precoce


Ejaculação Precoce é quando o homem ejacula antes do que ele e a pessoa, com quem se relaciona, gostariam; ou seja, quando ocorre há interrupção ou problema em uma das etapas do ciclo sexual ( desejo, excitação, orgasmo e resolução). Até hoje o que se observa é que os problemas de dificuldade em atingir uma ereção foram muito mais estudados do que os problemas de ejaculação. Estudos mostram que esse problema atinge de 5-40% dos homens sexualmente ativos. Os especialistas, no entanto, só consideram esse fato um problema quando ocorre em pelo menos 50% das relações sexuais e por, no minimo, seis meses. Segundo a sexóloga Jaqueline Brendler, o tempo de penetração não é o fator mais importante numa relação sexual, porem existe um concenso entre a classe médica de que ejacular antes de um minuto de penetração é sinal de problema. A média de tempo de uma penetração "satisfatória" é de 6 a 10 minutos.

É importante ressaltar que os distúrbios ejaculatórios podem ocorrer em qualquer fase da vida do homem. Embora sejam mais comuns na juventude, os já maduros podem apresentar o quadro como reação a problemas comuns da vida moderna como estresse, problemas de relacionamento com a parceira e depressão.

A ansiedade é a principal causa, ocorrendo em 99% dos casos; o que torna o problema psicológico e não organico. É dividida em Primaria e Secundaria. A primaria ocorre quando o paciente apresenta tal disfunção desde o inicio da vida sexual; e a secundaria é quando surge depois de já ter tido relações sexuais satisfatórias.

Deve-se esclarecer, que apesar de os homens estarem acostumados a ter a ejaculação e o orgasmo juntos, esses na verdade, são fenomenos diferentes.

O tratamento consiste em terapia, sendo a indicada a terapia cognitivo comportamental, e medicação, com os antidepressivos recaptadores de serotonina, que "controlam"a ansiedade do paciente.


Referências


  1. Standard Practice in Sexual Medicine – Hartmut Porst and Jacques Buvat – ISSM – Ejaculatory Disorders.

  2. Disfunção Sexual – Diagnóstico e Tratamento – Mario Paranhos e Miguel Srougi

  3. I Consenso Latinoamericano de Disfunção Erétil – Cap. 5 – Disfunção Erétil Psicogência e Transtornos da Ejaculação

  4. Reunião de Diretrizes Básicas em Disfunção Erétil e Sexualidade.

  5. Bancroft J. Human sexuality and its problems. Edinburgh: Churchill Livingstone, 198; pg 386

  6. http://www.tudosobreejaculacaoprecoce.com.br/