domingo, 5 de dezembro de 2010

Violência contra homossexuais

 " Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição que vai contra princípios elementares de justiça "




A HOMOSSEXUALIDADE é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).

Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?

Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.

Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.

Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.

Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.

Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?

Drauzio Varella  "Violência contra homossexuais" / Folha de S. Paulo / 04/12/2010


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

FRIGIDEZ



O sexo é um dos escapes da ansiedade, podendo considerar um dos maiores. A ansiedade, toda a energia acumulada, é liberada no ato sexual, sendo assim considerado esse ato vital para o homem. Toda pessoa que apresenta algum distúrbio ansioso apresenta alterações no funcionamento da sua sexualidade. A ansiedade atua na sexualidade tornando o paciente mais agressivo, tensos, com ejaculação precoce, chegando a apresentar impotência , e as mulheres, em especial, tornam-se frigidas.



 

Para compreender o que é frigidez, deve-se entender o funcionamento sexual feminino, pois é totalmente diverso do homem. Na maioria das vezes o papel da mulher é de receptor, sendo assim para que haver a excitação sexual feminina tem que ocorrer o carinho, sentindo-se relaxa; quanto maior o grau de relaxamento da mulher, maior a sua capacidade de atuar o seu prazer. Em períodos de “stress”, a mulher apresenta uma retração involuntária de toda a musculatura, criando um clima interno de tensão, o que dificulta o inicio da relação sexual, impossibilitando a penetração. Forma-se assim uma couraça muscular, que funciona com protetor, isolador das sensações sexuais. Esta situação vem acompanhada do medo, que gera um aumento da sua ansiedade, impossibilitando cada vez mais a entrega na mulher no ato sexual. A solução é a busca de um tratamento psicoterápico, com auxilio de psicotrópicos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

psiquiatra psicologo psicanálise

O termo “psi”, bastante utilizado pelas pessoas, muitas vezes pode ser permeado de confusão quanto aos significados, principalmente quando se refere aos profissionais indicados por este termo: psiquiatra, psicólogo ou psicanalista.


O psiquiatra é um profissional da medicina que após ter concluído sua formação, opta pela especialização em psiquiatria, esta é composta de 2 ou 3 anos e abrange estudos em neurologia, psicofarmacologia e treinamento específico para diferentes modalidades de atendimento, tendo por objetivo tratar as doenças mentais. Ele é apto a prescrever medicamentos, habilidade não designada ao psicólogo. Em alguns casos, a psicoterapia e o tratamento psiquiátrico devem ser aliados.

O psicólogo tem formação superior em psicologia, ciência que estuda os processos mentais (sentimentos, pensamentos, razão) e o comportamento humano. O curso tem duração de 4 anos para o bacharelado e licenciatura e 5 anos para obtenção do título de psicólogo. No decorrer do curso a teoria é complementada por estágios supervisionados que habilita o psicólogo a realizar psicodiagnóstico, psicoterapia, orientação, entre outras. Pode atuar no campo da psicologia clínica, escolar, social, do trabalho, entre outras.

O profissional pode optar por um curso de formação em uma abordagem teórica, como a gestalt-terapia, a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental.

O psicanalista é o profissional que possui uma formação em psicanálise, método terapêutico criado pelo médico austríaco Sigmund Freud, que consiste na interpretação dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de uma pessoa, baseado nas associações livres e na transferência. Segundo a instituição formadora, o psicanalista pode ter formação em diferentes áreas de ensino superior.







por Patrícia Lopes

Equipe Brasil Escola

http://www.brasilescola.com

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cinematerapia

A loucura é a expressão em grande escala de características mentais existentes em todo ser humano. E a tela de cinema parece exacerbar ainda mais o que já é exagero por natureza.
O interesse coletivo é compreensível: como existem mais de 150 tipos diferentes de doenças mentais, é provável que a maioria das pessoas tenha um conhecido com problemas ou sofra de um.
Por isso, abordar os transtornos da mente em filmes favorece muita gente: desde o cineasta, que atrai mais público, até o espectador, que se envolve com o roteiro.
Mais recentemente, psiquiatras, psicólogos e pacientes buscam entender melhor os distúrbios mentais com a ajuda do cinema.
É o que propõe a cinematerapia, uma das mais novas ferramentas usadas por especialistas para ajudar o paciente em seu processo de autoconhecimento.
No Brasil, alguns psiquiatras e psicólogos já recorrem a histórias de transtornos mentais como ponto de partida para que o doente ou algum familiar compreenda melhor o problema.
Para quem sofre com a dificuldade de se relacionar ou de se comunicar, por exemplo, alguns personagens podem ainda servir de modelo.
Nesse caso, o filme nem precisa abordar uma doença específica ou o problema do paciente.
Ele assiste à história e, com o terapeuta, tenta alterar seu comportamento usando soluções apresentadas pelos personagens.
"Ajuda na sessão, para o paciente expressar melhor as próprias emoções. Também pode ajudar em casa, quando há problemas de diálogo entre os familiares, por exemplo", explica o psiquiatra Vitor Hugo Sambati Oliva, que pesquisa cinema e psiquiatria na Faculdade de Medicina da USP.
Oliva publicará na próxima edição da "Revista de Psiquiatria Clínica" o primeiro artigo brasileiro sobre estudos já realizados com a cinematerapia. Os resultados encontrados são positivos.
Conectar os estudos da mente com a abordagem do cinema é tendência no país. Em diversas regiões do Brasil, ocorrem palestras e outras formas de discussão que reúnem filmes, cineastas e algum médico ou psicólogo.
O Instituto de Psiquiatria da USP, por exemplo, planeja para o segundo semestre mostras de filmes para leigos, para abordar problemas mentais. A primeira, ainda sem data definida, pretende discutir o autismo.
Para Oliva, o interesse não vem só de doentes e seus familiares. "A arte instiga a pessoa a uma reflexão e a ajuda a se conhecer melhor, independentemente de ter um transtorno mental."
LOUCA FICÇÃO
O livro "Cinema e Loucura" foi lançado em junho no Brasil. A ideia é usar a produção cinematográfica nacional e estrangeira para ajudar leigos e especialistas a compreender melhor asmanifestações dos transtornos mentais.
A publicação reúne informações sobre mais de 180 filmes, analisados do ponto de vista da psicologia.Os personagens foram avaliados pelo psiquiatra Elie Cheniaux, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e pelo psicólogo J. Landeira-Fernandez, diretor do núcleo de neuropsicologia clínica e experimental da PUC do Rio de Janeiro.
Há análises de personagens emblemáticos, como os do clássico "Um Estranho no Ninho". Filmes mais inusitados também estão presentes. Da animação "Procurando Nemo", por exemplo, é escolhida a personagem Dory, que sofre de amnésia.
Os autores apontam o diagnóstico dos personagens, com explicação detalhada dos sintomas de cada distúrbio encontrado.
"Não é por acaso que existem tantos filmes com transtornos mentais. O louco torna o filme mais interessante. Ao mesmo tempo que atrai, há aquele medo de enlouquecer ou de ser atingido por um louco incontrolável", analisa Cheniaux.
O uso de filmes como referências para estudo também tem se tornado cada vez mais frequente.Universitários buscam discutir em sala de aula o perfil dos falsos pacientes para entender melhor os transtornos. Há alguns anos, a "Revista Internacional de Psicanálise" inclui a análise de um filme em cada publicação.
"Dá para mostrar também como alguns quadros psicopatológicos relatados no cinema não convergem com a realidade. Muitas vezes é mostrado um sujeito maluco, agressivo. Em muitos casos, o cinema tenta passar uma imagem errada do senso comum", argumenta Landeira-Fernandez.
FALSOS PROBLEMAS
O uso do imaginário coletivo para montar os personagens também pode estimular estereótipos ruins dos transtornos mentais.
"Se você pega os "serial killers", vê que são parte de um cinema industrial, que usa esses monstros para vender.
A loucura aparece para assustar mesmo, para reforçar medos", analisa o psicanalista Sérgio Telles, coordenador do grupo de psicanálise e cultura do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.
No livro brasileiro, esses personagens estão no capítulo chamado de "Loucuras mal resolvidas" -com transtornos inventados para criar um enredo mais interessante. É o que ocorre com "Clube da Luta" e "12 Macacos".
Mas ninguém quer cobrar do cinema uma verossimilhança que não lhe cabe.
"Os filmes prestam um excelente serviço de entretenimento, e a gente pega carona nisso como ferramenta de estudo", pondera Fernandez.
Para ele, os filmes não conseguiriam se sustentar somente com transtornos reais. "A realidade do distúrbio mental é crua, não tem nada de legal. Mas é um dos ingredientes mais usados porque surpreende, sai do padrão", acrescenta.
por JULLIANE SILVEIRA, folha on line.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Atividade física versus fibromialgia


Quem se exercita pouco corre mais risco de desenvolver fibromialgia, doença crônica caracterizada por dores difusas no corpo e que atinge preferencialmente as mulheres a partir dos 40 anos.

A conclusão vem de um estudo feito na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) e publicado na revistaArthritis Care & Research. A pesquisa se baseou nos dados de quase 16 mil mulheres norueguesas cujo estado de saúde foi examinado em dois momentos em meados dos anos 80 e, mais tarde, entre 1995 e 1997. Da amostra total, 2.380 participantes tinham diagnóstico do distúrbio na segunda avaliação. As análises mostraram que o risco de desenvolver fibromialgia foi 30% menor em mulheres que relataram, na primeira etapa do estudo, praticar exercícios quatro vezes por semana, em comparação às fisicamente inativas. Como era de esperar, o sobrepeso e obesidade, consequências típicas do sedentarismo, também apareceram como fatores de riscopara a doença. A causa da fibromialgia é desconhecida, mas há suspeitas de que citocinas pró-inflamatórias, secretadas por células do sistema imune, tenham um papel importante no aparecimento dos sintomas. Para os pesquisadores, o efeito preventivo da atividade física regular poderia estar relacionado ao seu efeito modulador sobre o sistema imunológico


por Luciana Christante ( revista mente & cérebro)

sábado, 21 de agosto de 2010

Sociopata ou Psicopata ?




Psicopatia e a sociopatia são denominadas como transtorno de personalidade anti-social (TPA), refere-se a um transtorno caracterizado por atos anti-sociais contínuos (sem ser sinônimo de criminalidade) e principalmente por uma inabilidade de seguir normas sociais em muitos aspectos do desenvolvimento da adolescência e da vida adulta. As pessoas com este transtorno não apresentam quaisquer sinais de anormalidade mental (alucinações, delírios, ansiedade excessiva, etc.) o que torna o reconhecimento desta condição muito difícil. Este transtorno é de natureza crônica que se inicia como transtorno de conduta em torno de 15 anos e consolida-se como TPA aos 18 anos; mais freqüentes no sexo masculino; tendo componentes genéticos, familiares, neurológicos e sociais. O número de seus portadores vem aumentando muito na sociedade atual; apresentam uma inteligência média e alguns são muito inteligentes. Usam principalmente os recursos verbais e são muito convincentes nas suas argumentações. Muitos cometem crimes violentos (a maioria não) e são conhecidos os casos de matadores em série, terroristas e líderes do crime organizado.
Entre as características dos sociopatas, a principal é o desprezo pelas obrigações sociais e a falta de consideração com os sentimentos dos outros;possuem um egocentrismo exageradamente patológico, emoções superficiais, teatrais e falsas, pouco ou nenhum controle da impulsividade, baixa tolerância à frustração, baixo limiar para a descarga de agressão; irresponsabilidade, falta de empatia com outros seres humanos, ausência de sentimentos de remorso e de culpa em relação ao seu comportamento; são cínicos, incapazes de manter uma relação leal e duradoura, manipuladoras e incapazes de amar. Eles mentem exageradamente sem constrangimento ou vergonha, subestimam a insensatez das mentiras, roubam, abusam, trapaceiam, manipulam dolosamente seus familiares e parentes, colocam em risco a vida de outras pessoas e, decididamente, nunca são capazes de se corrigirem. Esse conjunto de caracteres faz com que os sociopatas sejam incapazes de aprender com a punição ou incapazes de modificar suas atitudes. Quando os sociopatas descobrem que seu teatro já está descoberto, eles são capazes de darem a falsa impressão de arrependimento, falseiam que mudarão "daqui para frente", mas nunca serão capazes de suprimir sua índole maldosa. Não obstante eles são artistas na capacidade de disfarçar de forma inteligente suas características de personalidade. Na vida social, o sociopata costuma ter um charme convincente e simpático para as outras pessoas e, não raramente, ele tem uma inteligência normal ou acima da média.

E você, conhece algum psicopata? Analise ao seu redor. Quando ouvimos essa palavra, logo pensamos em criminosos violentos, serial killers, como vemos na TV e no cinema. Mas a verdade é que nem todos eles são assim. Após anos de experiência no atendimento a vítimas de psicopatas, a Dra. Martha Stout traça um retrato preciso desses indivíduos, explica como identificá-los e ensina 13 regras para nos defendermos da ameaça que eles representam, no seu livro, "Meu Vizinho é um Psicopata". Foi lançado em 2005 nos Estados Unidos e publicado em vários países, se tornou uma referência sobre o assunto e ganhou o prêmio Books for a Better Life (Livros para uma vida melhor) daquele mesmo ano por sua significativa contribuição à sociedade.


"Este livro deve ser lido como uma vacina. Com casos clínicos claros, ele nos ensina a identificar as pessoas que podem nos causar muito sofrimento. E a única arma para lidar com um psicopata é o conhecimento."- Fátima Vasconcellos, presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro e especialista em Psiquiatria Forense pela Associação Brasileira de Psiquiatria

Referencias:

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O casal que se boicota


Há quem, por inveja, boicote seu parceiro. A inveja traz implícito o paradigma da escassez. A pessoa vê a vida como um bolo de dez pedaços, e cada pedaço que o outro come é um a menos para ele. Deste modo, pensa: "o outro levou minha parte".
Por exemplo: ele pensa que, se ela conseguir algo, significa que está tirando seu sucesso e seu destaque, e isso ele não pode permitir. Assume que o sucesso é limitado, e, quando um alcança uma meta, o outro já não o pode alcançar.
Ela pensa: se ele ganhar, meus filhos vão preferir ele e não vão me considerar. Assume que o amor dos filhos é limitado e que, se valorizarem um dos pais, não vão dar valor ao outro.
E pensando deste modo, enfrentam-se até "matar ou morrer".
Vejamos algumas das formas mais tóxicas de boicotar o parceiro:
1. Esquecer de datas importantes
2. Fazer o parceiro ficar mal na frente dos outros
3. Fazer as crianças ligarem no trabalho dele por coisas insignificantes
4. Ser descuidado com a aparência
5. Assumir o papel de vítima
6. Gerar conflitos com os horários quando o parceiro tem algo importante para fazer.
7. Mostrar na frente dos filhos que o parceiro não tem razão; desautorizá-lo.
8. Ressaltar os erros do outro.
9. Adoecer justo em uma data importante.
10. Não acompanhar o outro a eventos sociais ou ser pouco gentil neles
11. Perder a hora quando o outro precisa de nós.
12. Esquecer de algo que o outro pediu especialmente.
13. Gastar o que haviam poupado em algo para si próprio.
14. Não se relacionar bem com seu entorno ou proibi-lo de ver certas pessoas.

( Paixões Tóxicas -Bernardo Stamateas )

As 7 leis naturais do sucesso sexual



Vejamos quais são os sete fatores que fazem que um casal tenha sucesso no terreno sexual com o parceiro



Sexo de mútuo acordo: é fundamental que ambos estejam de acordo em manter essa relação nesse momento, nesse lugar, dessa maneira, com essa pessoa. Também, durante a relação, é importante estarem de acordo quanto ao que gostam ou não que aconteça, e, para isso, é preciso conhecer as coisas que dão prazer, que é outro fator de sucesso.



Sexo equivale a prazer:" não se trata de destreza orgástica. Alguns homens querem "mostrar" quanto sustentam uma ereção, quantos orgasmos podem ter e, assim, "provar" a sua companheira que são bons amantes. O prazer está em abandonar o controle, em se deixar levar. Tudo o que for pautado na vida sexual a arruína.



Sexo é igual a abandono: o melhor sexo não se conta pela quantidade de orgasmos que se experimenta, e sim pela intensidade do prazer, pela capacidade de se abandonar nesse momento. Alguns homens sofrem de "estrabismo": com um olho olham para sua companheira e com o outro para seu próprio pênis, para ver como está funcionando. Outras pessoas ficam constantemente controlando e perguntando: está bom assim? E ficam atentas para ver se seu parceiro chega ao orgasmo, o que dará sentido a esse momento.



Sexo é igual a privacidade e intimidade: um casal saudável deseja ter uma relação sexual sem terceiros. Isso é muito importante. Um casal que deseja mostrar aos outros sua intimidade quebra a lei da intimidade, deixa de ser um. Privacidade é, por exemplo, manter a porta sempre fechada. Os filhos, se já forem grandes, têm de entender que a mãe e o pai querem estar juntos. Alguns casais fazem sexo com a porta aberta, "caso o bebê acorde", ou com o bebê na cama, dormindo com ele. E outros fazem sexo em silêncio.



Sexo explícito: uma boa relação sexual é aquela baseada na comunicação, e os parceiros não precisam ficar tentando adivinhar o que o outro deseja. Comunicam-se explícita e abertamente acerca de seus gostos e, desta maneira, sabem como fazer o parceiro experimentar o prazer.



Sexo é igual a amor: William Master disse que fazer amor sem amor é como fazer ginástica. O órgão mais potente não é o genital ou o cérebro: é o coração. A capacidade de amar o outro é um motivador e um estimulante poderoso. O amor é o melhor estimulante; aumenta o desejo, e o desejo aumenta o amor. Quanto melhor se estiver consigo mesmo, mais desejo se tem. Pense em alguam coisa bem pequena que possa ser interpretada pro seu parceiro como um ator de amor e, sem dizer nada, faça, surpreenda-o. Quando há ressentimento, brigas não resolvidas, fica difícil que o desejo e a excitação surjam.



Sexo é fantasia: algumas pessoas reduzem a sexualidade a um ou dois objetivos e pensam que é só para se reproduzir ou só para ter prazer. Por isso, para poder desfrutar o sexo, precisamos ter intimidade, encontrar o outro, entrar e sair do outro. Sabemos que na cama não há donos, como diz o doutor Juan Carlos Kutnesoff. Os dois têm pênis, os dois têm seios, os dois têm vaginas. Cada parte do corpo de um corresponde também ao outro. Isso nos leva a nos encontrarmos e nos fundirmos com o outro. Vamos desfrutar nosso corpo e nossa sexualidade.


( texto extraido do livro: "Paixões Tóxicas" - Bernardo Stamateas )

sexta-feira, 9 de julho de 2010

BULLING


Bulling é uma discriminação, feita por alguns cidadãos contra uma única pessoa. Mas não é uma coisa simples, que se pode vencer de um dia para o outro. Bulling é um mal que se carrega durante um período da vida muitíssimo grande. Quando alguém diz que seu cabelo está estranho, você provavelmente vai correndo para o espelho mais próximo para se arrumar. Agora imagina duas, três, dez pessoas, todo o dia, falando mal do seu cabelo, de coisas que você não tem culpa por ter ou muitas vezes por não ter. Sim, isso seria completamente insuportável, quer dizer, sua alto estima fica lá embaixo, e os malvados causadores do bulling seriam os heróis. O que você faria? Se mataria? Sim, existem crianças que se suicidam, mas não com a idéia de que a vida delas é uma droga, e, sim, de que eu vou morrer porque sou feia e tudo que eles dizem é verdade.

Apelidos como "rolha de poço", "baleia", "quatro olhos", vara pau entre outros e atitudes como chutes, empurrões e puxões de cabelo. Alunos "esforçados" que geralmente sofrem represalias por parte de seus colegas em geral não por caracteriticas fisicas mas também intelectuais são comportamentos típicos de alunos em sala de aula. Brincadeiras próprias da idade? Não. São atos agressivos, intencionais e repetitivos, que ocorrem sem motivação evidente e que caracterizam o chamado fenômeno bullying. Sem equivalente na língua portuguesa, bullying é um termo inglês utilizado para designar a prática desses atos agressivos. As conseqüências são o isolamento, a queda do rendimento escolar, baixa auto-estima, depressão e pensamentos negativos de vingança. Estudos mundiais revelam que, de 5% a 35% dos alunos estão envolvidos nesse tipo de comportamento. No Brasil, alguns estudos demonstraram que esses índices chegam a 49%.

Com os avanços da tecnologia, esse constrangimento saiu das escolas onde era um lugar comum dessa prática e partiu para internet e ganhou força. A nova prática recebeu o nome de “Cyberbulling” e se infiltrou em correios eletrônicos, blogs, Orkut, Msn, etc. O agressor nesse caso, muitas vezes escondido atrás de um apelido, dissemina sua raiva e felicidade enviando mensagens ofensivas a outras pessoas. Em muitos casos, ele exibe fotos comprometedoras, altera o perfil das vítimas e incita terceiros a reforçar o ataque. O único propósito é a humilhação da vítima e isolamento daquele que é considerado mais fraco ou diferente.
“Quem agride, quer que o seu alvo se sinta infeliz como na verdade ele é. É provável que o agressor também tenha sido humilhado um dia, descarregando no mais frágil a sua própria frustração e impotência”(Maluh Duprat).
Não é interessante responder às provocações, pois isso aumentaria a raiva do agressor e é exatamente isso que ele quer. “Outra coisa importante é não manter segredo da ofensa, intimidando-se. Pode ser um bom momento de lidar com os próprios complexos, de superar com a ajuda da família ou dos superiores no trabalho uma situação de confronto maior que seus recursos internos”.

Bulling não é nada bom, e se você conhece alguém que sofre com isso, ajude-o. Pois você se beneficiará com uma nova amizade ou quem sabe salvando uma vida.


( Profª Esp.: Kátia Alessandra F. Rojas / Profª Esp.: Leonice Gossler )

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Luta Antimanicomial



O movimento da luta antimanicomial atrai muita simpatia e até ganhou um dia, 18 de maio, para celebração. Infelizmente, a verdade é que esse movimento tem muitos equívocos, para não dizer que é até contrário à promoção de atendimento de qualidade aos portadores de transtornos mentais no Brasil. É compreensível que parte da população, por desinformação, veja com bons olhos essa iniciativa formada por belas teorias e atitudes sensacionalistas. As cabeças por trás do evento, no entanto, deveriam pensar melhor em suas ações sob pena de tornarem-se responsáveis por impedir avanços nessa área.
Nesse sentido, é conveniente começar reavaliando a nomenclatura do movimento. Quando se fala em manicômio, não se exprime a realidade atual dos hospitais e tratamentos psiquiátricos. Essa palavra possui carga tão pejorativa que dificulta uma discussão equilibrada sobre a questão. Com razão, as pessoas têm preconceito sobre o que essas instituições significaram no passado.
A principal dificuldade da psiquiatria hoje não é falta de estrutura, de dinheiro ou de apoio da administração pública. O grande obstáculo é o estigma de que são vítimas pacientes, familiares e até os médicos. O problema é tão grande que seus efeitos não se resumem a constrangimentos pessoais. Essa idéia coletiva também motiva políticas públicas equivocadas.
Recentemente, o governo fechou grande parte dos leitos psiquiátricos em hospitais públicos. Dessa maneira, desalojou muitos pacientes que necessitavam da internação e, como resultado, sofreram retrocesso no tratamento. E isso foi uma decisão demagógica, apenas para consumo externo, sem nenhum amparo científico. De certo ponto de vista, trata-se de atitude até compreensível, já que enquanto a população continuar relacionando a internação de doentes mentais com privação de liberdade não vai faltar político fechando leitos e hospitais para ganhar aplausos da população desinformada.
Esse movimento será muito mais produtivo quando deixar de manipular as massas e passar a informar a sociedade. A principal verdade omitida à população é que existem pacientes que precisam ser internados, sim. Em determinados casos, esse é o único procedimento recomendado. Além disso, maus tratos ou métodos ultrapassados em hospitais psiquiátricos são condenados por toda a comunidade médica e pela psiquiatria atual. A internação, e todas as ações envolvidas, estão sustentadas por estudos científicos e são conduzidas por profissionais capacitados.
Infelizmente, no Brasil, a palavra antimanicômio soa para muitos como antitratamento psiquiátrico. Portanto, é preciso cuidado com a retórica de adesões fáceis. A principal arma da luta antimanicomial deve ser a informação de qualidade e não palavras de ordem. O movimento deveria deixar de ser antimanicômio e tornar-se pró “Relatório sobre a saúde no mundo” publicado pela Organização Mundial de Saúde, que no trecho referente a saúde mental recomenda que se exija, prioritariamente, o seguinte:
- Reconhecimento da saúde mental como componente da atenção primária de saúde;
- Investimento em hospitais psiquiátricos com melhor qualidade de atendimento de forma a incentivá-los a abrir residências terapêuticas e CAPs;
- Treinamento de atualização a médicos da atenção primária (pelo menos 70% de cobertura em 5 anos);
- Inclusão dos transtornos da saúde mental nos sistemas de informações básicas de saúde, além de instituir a vigilância de transtornos específicos na comunidade (por exemplo, depressão);
- Realização de estudos em contextos de atenção primária sobre prevalência, evolução, resultados e impacto dos transtornos mentais na comunidade.
E, por fim, colocar em prática projetos como os da Associação Brasileira de Psiquiatria, que trabalha junto ao Ministério da Saúde pleiteando a promoção de campanhas publicitárias de esclarecimento para combater o estigma, mobilizando os psiquiatras para a colaboração do ABP Comunidade - projeto que prevê levar informações claras sobre os principais transtornos mentais à população através da internet e ainda com palestras gratuitas em diversas regiões do País, participando ativamente de diversas organizações e esferas políticas relacionadas ao setor através das comissões de avaliação da reforma do modelo assistencial em saúde mental, junto ao Ministério da Saúde, comissão de ética, direitos humanos e exercício profissional, representantes junto ao Senad, Conad, CFM, AMB, ONU, Ministério da Educação, dentre outros.
É certo que propor soluções exige mais que apenas criticar ações, porém, os resultados são muito mais eficientes e duradouros.


autor: Josimar França (presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria)

domingo, 16 de maio de 2010

Ciúme


Todos nós cultivamos certo grau de ciúme, afinal, quem ama cuida. Mas, como este desvelo pode variar na interpretação de uma pessoa para a outra, de forma análoga, o ciúme também o variará. Portanto, desenvolve-se quando sentimos que nosso parceiro não está tão estreitamente conectado conosco como gostaríamos, e a relação diádica, valorizada, mostra-se ameaçada. O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, senão universal, podendo ser difícil a distinção entre ciúme normal e patológico. Na verdade, pouco se sabe sobre experiências e comportamentos associados ao ciúme na população geral, mas segundo os ultimos estudos 100% dos entrevistados responderam positivamente a uma pergunta indicativa de ciúme, embora menos de 10% reconheceu que este sentimento acarretava problemas no relacionamento (Mullen, 1994). Ele pode ser considerado como um conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado. A maneira como o ciúme é visto tem variações importantes nas diferentes culturas e épocas. Assim, no século XIV relacionava-se à paixão, devoção e zelo, à necessidade de preservar algo importante, sem conotações pejorativas de possessividade e desconfiança. Nas sociedades monogâmicas o ciúme se associa à honra e moral, sendo até um instrumento de proteção da família, talvez um imperativo biológico ou uma adaptação à necessidade de ciência da paternidade. Até bem pouco tempo atrás, dava-se grande ênfase à fidelidade feminina, enquanto a infidelidade masculina era mais bem aceita. Mesmo em tempos modernos, atribui-se um papel positivo a alguma manifestação ciúme, considerando-o um sinal de amor e cuidado. Na literatura, encontramos na obra de "Otelo – O Mouro de Veneza" de William Shakespeare a retratação do ciúmes, sendo hoje utilizada tal obra pra nomear uma síndrome em decorrência do ciúmes exacerbado, a síndrome de Otelo, caracterizada pelo ciúmes patológico.
Existem inúmeras classificações quanto a intensidade, a “normalidade” deste sentimento, segundo o psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, existem quatro tipos de ciumentos: o zeloso, o enciumado, o ciumento e o delirante, capaz de matar caso se sinta traído; afirmando que se analisarmos mais detalhadamente o ciúme, percebemos logo de início, que não se trata de um sentimento voltado para o outro, mas sim voltado para si mesmo, para quem o sente, pois é, na verdade, o medo que alguém sente de perder o outro ou sua exclusividade sobre ele. É um sentimento egocentrado, que pode muito bem ser associado à terrível sensação de ser excluído de uma relação. O normal, mais comum, é a pessoa sentir-se enciumada em situações eventuais nas quais, de alguma forma, se veja excluído ou ameaçado de exclusão na relação com o outro. Tal psiquiatra, ainda, afirma que em um grau maior de comprometimento emocional, quando há uma instabilidade neurótica ou de autoafirmação, a pessoa pode apresentar-se como ciumento. Neste caso, a sensação permanente de angústia e instabilidade, a insegurança em relação a si mesmo e ao outro, além da fragilidade da relação afetiva, podem levar a pessoa a manter um permanente "estado de tensão", temendo ser traído ou abandonado. Qualquer sinal do outro pode significar algo e a angústia da dúvida corrói a alma de quem é ciumento. Em uma terceira situação, ainda mais grave sob o ponto de vista de comprometimento do psiquismo, podem ocorrer situações delirantes em que a desconfiança do ciumento cede lugar a uma certeza infundada de que está mesmo sendo traído ou abandonado.
O ciúmes é classificado em normal e patológico. O normal é transitório e baseado em fatos, sendo que o maior desejo seria preservar o relacionamento, ocorre um contexto interpessoal, entre o sujeito e o objeto, envolve duas pessoas. No ciúme patológico há geralmente o desejo inconsciente da ameaça de um rival e seria intrapessoal, só dentro do sujeito. Segundo Geraldo Ballone, o ciúme patológico é um grande desejo de controle total sobre os sentimentos e comportamento do companheiro. Há ainda preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer como pensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes. "O Ciúme Patológico é um problema importante para a psiquiatria, que envolve riscos e sofrimentos, podendo ocorrer em diversos transtornos mentais. Na psicopatologia o ciúme pode se apresentar de formas distintas, tais como idéias obsessivas, idéias prevalentes ou idéias delirantes sobre a infidelidade. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), o ciúme surge como uma obsessão, normalmente associada a rituais de verificação", explicou o psiquiatra.
Célia Bezerra afirma que, geralmente o que move o "ciumento" é um desejo de controle total sobre a outra pessoa. Mas, por mais controle que consiga nunca é suficiente. A pessoa que sofre deste "mal" está sempre à procura de confirmações para suas suspeitas através principalmente de confissões que nunca deixa satisfeita a pessoa ciumenta porque sempre surgem outras suspeitas. O ciumento vive um eterno sofrimento, e acaba experimentando stress, descontrole emocional, terminando por causar um tremendo clima de tensão e desajuste familiar, aliando a este clima cenas públicas constrangedoras para ela e para a família.
Síndrome de Otelo, em referência ao personagem shakespeariano que sofria deste mal, e pode levar a pessoa a cometer atos de extrema agressividade física, configurando aqueles casos que recheiam as crônicas policiais de suicídios e homicídios passionais.
Enquanto os casos mais brandos de ciúme podem ser uma manifestação de má estruturação da auto-estima, os intermediários refletirem estados neuróticos, os casos da "Síndrome de Otelo" são, indiscutivelmente causados por patologias psiquiátricas graves, as chamadas psicoses ou, ainda, por problemas neuropsiquiátricos como os diversos tipos de disritmia cerebral descritas na medicina.
Diante desse fato, como podemos nos prevenir da Síndrome de ateio e como podemos ajudar pessoas que sofrem com o excesso de ciúme? De qualquer forma, o complexo sentimento de ciúme, longe de ser aquele "condimento" que toma a relação amorosa mais "apetitosa", é um sentimento que leva, via de regra, ao sofrimento de quem o sente e, principalmente, de quem padece nas mãos de um ciumento desconfiado e agressivo. Nas palavras do escritor Eduardo Ferreira Santos, o ciúme é, em última análise, um SINAL DE ALERTA! É uma "luz vermelha" que se acende no painel da vida, indicando que algo está falhando. Seja em um ou no outro, seja na relação, algum "ruído" está denunciado pelo ciúme.
Quanto mais intenso e menos controlável maior o problema. Quanto maior a intensidade desse sentimento, mais estaremos ultrapassando os limites da normalidade, para, aos poucos, podermos ser devorados por uma obsessão capaz de destruir qualquer relacionamento."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

cinco linguagens do amor




Após trinta anos aconselhando casais e famílias, o antropólogo, Dr. Gary Chapmam, ficou convencido de que existem cinco linguagens básicas, pelas quais o amor é expresso e compreendido. Cada ser humano nasce com uma forma de identificar, dar e receber amor. A isso chamaremos "linguagem" e às diferentes formas de expressá-la de "dialetos". Tentar expressar amor em sua própria linguagem à alguém que possui outra é o mesmo que fazer uma declaração em hebraico pra alguém que só fala alemão! O primeiro passo é identificar qual a sua linguagem, e em seguida qual a do seu cônjuge. Com isso será possível tanto expressar amor de forma que a pessoa se sinta amada como também levar seu cônjuge à percepção de qual é a linguagem que faz com que você receba de forma efetiva sua expressão de amor.


As cinco linguagens são:
  • Palavras de Afirmação: são sentenças expressas em elogios como "a janta estava ótima", afirmações, (ex: acho que você faz isso muito bem), e incentivos como "vai dar tudo certo"; Uma maneira de expressar o amor é edificar os outros através do encorajamento verbal.


  • Qualidade de Tempo: é a dedicação de um tempo exclusivo, ainda que pequeno. As expressões ou dialetos podem ser: conversas de qualidade, passeios, assistirem tv juntos, etc;


  • Presentes: o que menos importa é o valor financeiro. Pode ser: colher uma flor, comprar uma pizza, dar uma jóia; Dar presentes é a terceira maneira de dizer “Eu te amo”. Embora, freqüentemente seja um gesto simples, tem grande significado, pelo que representa. O ato de dar presentes de improviso (diferentes dos presentes dados em ocasiões especiais como aniversários ou festas) envia a mensagem “Estive pensando em você”.


  • Gestos de Serviços: aqui o que você faz fala mais alto do que qualquer palavra. Dialetos: lavar a louça, consertar a fechadura, cozinhar, levar o lixo pra fora, etc; é outra maneira de comunicar o amor – através de ações de serviço. Isso significa fazer algo especial para outra pessoa que você sabe que vai apreciar. Fazer algo diferente fora do dia a dia.


  • Toque Físico: o importante é saber quando, como e onde tocar a pessoa. Ex: beijos, abraços, cutucão com o cotovelo, por a mão no ombro, relações sexuais, etc;

O importanre é usar a linguagem correta constantemente e se aperfeiçoar em conhecer dia a dia todas as formas, ou, dialetos pelos quais sua expressão é entendida da forma mais efetiva.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dependência da Internet



Qantas vezes por dia você checa seu e-mail?


Quantos seguidores você já conquistou no twitter?


Já disse hoje o que você está pensando no facebook?









A Dependência da Internet manifesta-se como uma inabilidade do indivíduo em controlar o uso e o envolvimento crescente com a Internet e com os assuntos afins, que por sua vez conduzem a uma perda progressiva de controle e aumento do desconforto emocional.

Com efeitos sociais significativamente negativos, os indivíduos que despendem horas excessivas na Internet, tendem a utilizá-la como meios primários de aliviar a tensão e a depressão, apresentam a perda do sono em conseqüência do incitamento causado pela estimulação psicológica e a desenvolver problemas em suas relações interpessoais. Além disso, os dependentes usam a rede como uma ferramenta social e de comunicação, pois têm uma experiência maior de prazer e de satisfação quando estão on-line, podendo este ser um fator preditor para a dependência.

Nesta vertente, alguns estudos consideram a sensação subjetiva de busca e/ou a auto-estima rebaixada, timidez, baixa confiança em si mesmo e baixa pró-atividade como outros fatores preditores para o uso abusivo da Internet.

Critérios de dependência de Internet

Apresentar, pelo menos, 5 dos 8 critérios abaixo descritos:

(1) Preocupação excessiva com a Internet (2) Necessidade de aumentar o tempo conectado (on-line) para ter a mesma satisfação (3) Exibir esforços repetidos para diminuir o tempo de uso da Internet (4) Apresentar Irritabilidade e/ou depressão (5) Quando o uso da Internet é restringido, apresenta labilidade emocional (Internet como forma de regulação emocional) (6) Permanecer mais conectado (on-line) do que o programado (7) Ter o Trabalho e as relações familiares e sociais em risco pelo uso excessivo (8) Mentir aos outros a respeito da quantidade de horas conectadas.

Tipos de Dependência E-mails, chats (salas de bate-papo), jogos on-line, compras, sites com conteúdo especifico (eróticos, de relacionamento, bolsa da valores, busca de informações e etc).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Relações Interpessoais - cooperação!


O texto que é apresentado descreve modos de relacionamentos interpessoais, onde como construir uma parceria saudavel ou não, o que recorda um texto escrito pelo psiquiatra Flavio Gikovate, Sawabona Shikoba (SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer "eu te respeito, eu te valorizo, você é importante pra mim"; em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é "então eu existo pra vc") , onde este descreve sobre os novos rumos de um relacionamento, onde o saudavel é construir uma relação com base na união de dois inteiros, uma "parceria".


Os relacionamentos interpessoais acontecem em diversas esferas e indubitavelmente são alguns dos mais imprevisíveis da natureza. As relações entre animais menos desenvolvidos intelectualmente são essencialmente regidas pelo instinto, uma manifestação natural das necessidades biológicas.
O homem, no entanto, é uma das únicas criaturas conscientes de seus instintos irracionais e capaz de sobrepujá-los, podendo fazer escolhas dando preferência a outros aspectos da consciência. Isso amplia exponencialmente a complexidade das relações humanas, uma vez que somos dotados de uma imensurável diversidade emocional. As circunstâncias que motivam a interação humana são variadas, porém, por unanimidade, é sempre estabelecida uma relação de troca.
Seja amistoso, afetivo ou profissional, qualquer relacionamento envolve expectativas, responsabilidades, decepções, vantagens, enfim, apenas o fato de envolver ao menos duas pessoas já faz desse envolvimento algo excepcional. Ter de conviver e eventualmente depender de outro indivíduo pode não ser confortável para muitos, não é raro encontrar pessoas que escolhem a solidão por ter outras prioridades.
Isso, porém, apenas acontece em relações onde não há coerência, onde há desigualdade em benefícios e malefícios. Há uma palavra que determina o sucesso de qualquer relacionamento, um elemento sem o qual duas pessoas jamais poderiam conviver adequadamente: cooperação.
Em uma relação cooperativa, ambos os lados saem satisfeitos. É o formato ideal e almejado por todos, porém exige pessoas empáticas e maduras o suficiente para entender que nem sempre será feita apenas sua própria vontade, que há de haver a busca pelo consenso. Quando há negociações produtivas, as soluções acordadas são de soma ampliada, de modo que as partes entendem que conseguiram um resultado melhor do que se o tivessem feito sozinhos.
O curioso é que nesse tipo de relação, não há dois lados, mas apenas um lado vencedor, o que ambos construíram e que, pois, os torna mais confiantes, motivados e comprometidos. Uma relação exige cuidados e muitas vezes eles incluem a abdicação voluntária do Eu para a melhor manutenção do Nós, que poderá ser o melhor a longo prazo. O benefício principal dessa abordagem é que, uma vez visualizados seus efeitos, os indivíduos a percebem como melhor opção e se sentem confiantes para continuar empregando-a, de modo a prolongar os benefícios.
Essa fórmula serve para todo o tipo de relacionamentos, pois se no relacionamento comercial há a troca de bens, nos amorosos e amistosos há a troca de afeto, que também precisa ser bem direcionada. Caso contrário, a relação não será positiva para ambos, de modo que irá de fato se tornar uma relação unilateral, porém onde o lado egoísta/possessivo se beneficiará do passivo/submisso.

sábado, 3 de abril de 2010

AMOR




O que é o amor? Essa é uma pergunta que vem intrigando a humanidade há séculos e, apesar de todo esse tempo, fazer amor continua sendo muito mais fácil que falar dele. Além de parecer impossível limitar a idéia de amor dentro dos limites de um conceito, corre-se o risco de se exceder no cientificismo sobre um tema que, desde sempre, nos familiarizamos em prosa e verso de forma muito mais sublime e agradável.
O amor aparece nas mais diversas áreas do pensamento humano, da poesia à imagem funcional cerebral, da mitologia à patologia, da razão para o prazer à motivação para o crime. Afirmações como “isso é amor”, ou seu contrário, “não, isso não pode ser amor” oscilam ao sabor das conveniências da situação. Mas cada um sabe exatamente como está sentindo seu amor, ou lamentando a falta dele, se regozijando ou sofrendo com ele, explicando que tipo de amor é o seu, reclamando reciprocidade, exigindo cumplicidade ou ocultando o amor proibido. Talvez a única certeza que podemos ter em relação ao amor é que sobre ele parece não termos nenhum controle.
Nietzsche, grande filósofo alemão do século XIX, escreveu que “a maior parte da filosofia foi inventada para acomodar nossos sentimentos às circunstâncias adversas, mas tanto as circunstâncias adversas como nossos pensamentos são efêmeros”, deduzindo, então, que pensamentos e circunstâncias passam, mas os sentimentos não. O amor é um desses sentimentos que devem ser tratados pela filosofia, principalmente porque ele parece transcender a realidade.
Acreditava, Nietzsche, que o amor chega quando se tenta desejar o bem em sua totalidade para algo. Dizia que quando amamos juntamos todas as melhores propriedades das coisas mais maravilhosas e perfeitas do mundo, e consideramos similares ao objeto amado. Com afirmações desse tipo, estapafúrdias, concluí-se que o sentimento do amor pode distorcer a representação da realidade, pode afastar a pessoa da realidade compartilhada pela maioria, tal como se tratasse de idéias supervalorizadas ou uma certa obsessão.
Sempre se distinguiram dois ou mais “tipos” de amor. Platão foi o primeiro a comentar sobre isso, em o "Banquete", definindo o “Amor Autêntico”, como aquele que liberta o indivíduo do sofrimento e conduz sua alma ao banquete divino, em distinção do "Amor Possessivo", o qual persegue o outro como um objeto a devorar, possuir e sufocar.
Muito tempo depois, esta conceituação foi retomada por Immanuel Kant. Para Kant, somente o "amor-ação" é o verdadeiro amor altruísta e aceitável, uma vez que se manifesta com preocupação verdadeira e desinteressada pelo bem estar do outro, da pessoa amada. Em contra-partida, falava no “amor-paixão”, egoísta e impossível de se controlar, voltado aos interesses próprios, manifestando o desatino e desprezo pelo outro. Na idéia de Kant, o amor paixão tende a satisfazer muito mais quem ama do que quem é amado (Clement, 1997).
Kant separava o “amor-afeto” e o “amor-paixão”, enaltecendo um pouco mais o primeiro, sugestivo de amor romântico, do que o segundo. Além desses amores dos amantes, para Kant existe ainda o “amor-virtude”. O amor-virtude seria mais ligado ao sentimento de fraternidade, ao preceito de “amar o próximo como a si mesmo”. Ao menos didaticamente Kant nos parece mais interessante.
Alguns autores mais recentes acham que a atenção, carinho, zelo e cuidados em relação à pessoa amada devem ser esperados em qualquer relacionamento amoroso saudável e, por saudável, devemos entender o relacionamento que jamais proporcionará sofrimento, seja da pessoa que ama seja de quem é amado (Simon, 1982 e Fisher, 1990).
Alguns dizem que o amor é uma forte inclinação da alma para um objeto ou pessoa. Mas essa afirmação foge do critério científico, já que nesse campo nem se sabe com certeza se a alma existe, se tem inclinações, se faz escolhas...
Aliás, pode parecer redundante e pouco útil, tentar definir esse sentimento universalmente experimentado e sabido pelos seres humanos ao longo de toda sua história. Também soa estranho acreditar que o amor, lindo, engrandecedor, poético, lírico e prazeroso, cantado em verso e prosa, possa ser fonte de sofrimento. Há casos onde esse sentimento torna-se completamente obsessivo, tirano e opressivo, fanático e egocêntrico, produzindo sofrimento.
Quem sofre ou faz sofrer, contudo, não é o amor em si, mas a pessoa que desloca para o sentimento amoroso suas alterações psíquicas, seja dos traços de sua personalidade, seja de seus conflitos e complexos interiores. Não são raras as pessoas que, contrariando o bom senso e a crítica razoável, deixam tudo para viver um grande amor, aumentando perigosamente a possibilidade de serem infelizes, ainda que amando.
Aliás, parece ser tênue a separação entre a paixão e a perda da razão (desrazão), uma vez que a pessoa apaixonada costuma perder alguma porção de sua crítica e da capacidade em avaliar verdadeiramente a realidade. Quando deixa de haver controle no amor, quando se compromete a liberdade de conduta ou quando esse sentimento passa a ser absoluto e em detrimento de outros interesses e atitudes antes valorizadas, podemos estar diante de um quadro chamado Amor Patológico (Norwood, 1985). Nessa patologia do amor a obsessão em pensar seguidamente na pessoa amada faz sofrer muito, principalmente diante de tudo aquilo que dificulte, impeça ou atrapalhe a vivência de seu amor.
Segundo algumas hipóteses, é bastante provável que esse quadro de Amor Patológico possa estar associado a outros transtornos psiquiátricos, tais como quadros depressivos e ansiosos (Wang, 1995). Pensa-se também que o Amor Patológico possa ocorrer isoladamente em personalidade mais propensas e vulneráveis (Gjerde, 2004), ou ainda em pessoas com extrema baixa auto-estima, (Bogerts, 2005). Em casos mais expressivos o Amor Patológico vem acompanhado de sentimentos invasivos de rejeição, de abandono e de raiva (Donnellan, 2005).
Em psiquiatria os eventos não são binários, ou seja, não são certos ou errados, feios ou bonitos, verdadeiros ou falsos. Aqui as situações comportam graduações entre extremos, de forma que podemos ter o amor com prazer, com menos prazer, com incômodo, com um pouco de sofrimento, com muito sofrimento e até o chamado Amor Patológico.
Sobre a possibilidade de o amor ser uma das mais claras manifestações de nosso egoísmo, ou egocentrismo, Nietsche dizia que todos acreditamos querer a pessoa amada e que ao acreditar que a queremos também acreditamos que esta é a solução para todas as nossas necessidades, ou para todas as necessidades de nossos sentimentos.
Essa hipótese pode ser mais bem exemplificada quando se diz que “te amo porque você é uma maravilha (e, evidentemente, quero regalar-me com essa maravilha)”. Obviamente, em seguida existe a colocação que “te necessito, eu te quero”. Ou, conforme podem dizer as pessoas mais apaixonadas; “não posso mais viver sem você”. Por enquanto tudo isso diz respeito ao bem estar da pessoa que ama e não, necesariamente, da pessoa amada.
Como se vê, nas questões do amor, como em tantas outras, o ponto de referência continua sendo a própria pessoa, seu bem estar emocional, sua satisfação em estar perto da pessoa amada, o conforto afetivo de se saber amada.
Organicamente ou fisiologicamente, dois sistemas neuronais parecem implicados na escolha e determinação da preferência por um parceiro específico. O sistema mediado pela dopamina, o dopaminérgico córtico-estriatal, por um lado, e o sistema de neuropeptídeos transmissores por outro.
Robinson estudou as projeções dopaminérgicas das estruturas corticais para o núcleo accumbens, na porção anterior do corpo estriado, considerando-os elementos fundamentais para preservação da espécie e do indivíduo. Além de um papel relevante em comportamentos motivados e relacionados ao apetite, esse sistema dopaminérgico também está implicado na capacidade de vinculação social (Robinson, 1993).


Outros estudos mostram a relevância da dopamina para a formação do apego, sendo que a administração de haloperidol, que diminui a dopamina, bloqueia o apego, enquanto a apomorfina (que aumenta a dopamina) incrementa o estabelecimento da parceria em ratos (Aragona, 2003).
Há trabalhos expressivos com neuropeptídeos transmissores, como ocitocina, vasopressina e opióides endógenos. A ocitocina e a vasopressina parecem se dividir entre comportamentos próprios do gênero feminino e masculino, atuando, respectivamente, em cada gênero como moduladores da preferência por parceiros, ou seja, como bases neurobiológicas da fidelidade (Wang 2004).
Segundo Sophia, Tavares e Zilberman (2007), além da preferência por parceiro, em modelos animais, a ocitocina e a vasopressina se relacionam, respectivamente, à facilitação da interação mãe-filhote e contato físico sem fins sexuais em fêmeas. Os neurônios produtores de ocitocina e vasopressina, que estão localizados no núcleo paraventricular do hipotálamo, projetam-se para amídala e núcleo accumbens, onde se estabelece os sistemas sócio-sexual e de incentivo-motivação.
Também a beta-endorfina, segundo van Furth, agindo através dos receptores opióides localizados nos terminais dendríticos do núcleo accumbens é responsável pela sensação de consumação prazerosa do ato sexual e possivelmente de outros comportamentos instintivos (van Furth, 1995).


fonte: Ballone GJ - Complicações do Amor, in. PsiqWeb, Internet - disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2007

domingo, 28 de março de 2010

As diversas teorias explicativo-causais da homossexualidade masculina e feminina e da bissexualidade

A orientação sexual refere-se à tendência de resposta erótica ou atração sexual de uma pessoa, sendo classificada como homossexual, bissexual ou heterossexual. A orientação sexual pode ser avaliada através de alguns parâmetros, como a proporção em que as fantasias sexuais se direcionam a um ou outro sexo, o sexo do(s) parceiro(s) sexual (ais) e a extensão da resposta fisiológica a estímulos sexuais de ambos os sexos. A orientação sexual consiste em três elementos: desejo, comportamento e identidade, que devem ser congruentes em um determinado indivíduo. Uma das maneiras de avaliar-se a orientação sexual de um indivíduo é pela escala de Kinsey, uma escala contínua de 7 pontos, em que o representa a heterossexualidade exclusiva , 6 representa a homossexualidade exclusiva e 3 representa uma igual quantidade de hetero e homossexualidade. A escala de Kinsey tem sido criticada por ser unidimensional e, alguns autores propõem um modelo bipolar de orientação sexual, com a atração por um sexo sendo uma dimensão e a atração pelo outro, a outra. (procurar referências desse modelo).
A bissexualidade pode referir-se a uma propensão erótica, uma identidade individual ou um padrão de comportamento individual. Ela pode ocorrer seqüencialmente (indivíduo expressa atração pelo mesmo sexo ou pelo sexo oposto em diferentes momentos da vida) ou simultaneamente (atração ou relacionamento com os dois sexos ao mesmo tempo). Alguns acreditam que a bissexualidade é um estado de transição no desenvolvimento de uma identidade gay, lésbica ou heterossexual posterior. No entanto, há um grande número de homens e mulheres que, em algum ponto de suas vidas, mantém uma identidade bissexual constante e persistente.
ORIGENS DA HOMOSSEXUALIDADE

A humanidade sempre nutriu grande interesse pela possível origem da homossexualidade. Em seu livro “O Banquete” (Symposium), Platão relata um mito criacionista sobre a origem do homem, em que os seres humanos originalmente eram redondos e tinham quatro braços, quatro pernas e uma cabeça com duas faces. Eram divididos em três sexos: homens, mulheres e andróginos (metade homem, metade mulher). Para diminuir seu poder, os deuses os partiram no meio. Os homens e mulheres derivados de andrógino passariam a vida a procurar sua metade complementar no sexo oposto. Já os derivados de homens e mulheres procurariam complementar-se com pessoas do mesmo sexo.
Na tradição judaico-cristã, proibições bíblicas contra a homossexualidade podem ser encontradas em diversos trechos e, nas sociedades modernas, a intolerância a relacionamentos com pessoas do mesmo sexo, tornou-se a atitude predominante.
Historiadores pós-modernos, da tradição de Michael Foucault argumentam que a atitude rotular uma pessoa com base no seu comportamento ou identidade homossexual é um fenômeno cultural relativamente novo, que coincide com a medicalização da homossexualidade durante o século XIX.
Seja qual for a causa ou as causas da homossexualidade, pesquisá-la e entendê-la, sob diferentes prismas, ainda é um importante tópico da humanidade hoje. O esclarecimento a respeito disso, possivelmente abrirá as portas para que o homem conheça melhor a sua própria condição humana.
Modelos biológicos explicativos para a homossexualidade
Desde a emergência do conceito de orientação sexual no interior da comunidade médica ocidental, tem havido um considerável debate a respeito do que determina primariamente a homossexualidade: se são fatores biológicos ou psicossociais. Antes de descrever os dados de pesquisa a respeito da orientação sexual é importante entender que os fatores biológicos podem atuar de três formas básicas:
Modelo de efeito biológico direto: De acordo com este modelo, os fatores biológicos, como genes ou hormônios influenciariam diretamente a organização ou atividade dos circuitos cerebrais que mediam a orientação sexual. Assim, o cérebro teria uma predisposição intrínseca (constitucional) para a orientação sexual, que não poderia ser modificada pela experiência.
Modelo de efeito biológico permissivo: A biologia exerceria um papel permissivo provendo o substrato neurológico, sobre o qual a experiência formativa atuaria. Adicionalmente, fatores biológicos podem, também, delimitar estágios (janelas) de desenvolvimento em que a experiência será importante para definir uma futura orientação sexual. Este modelo sugere que uma experiência pode ter maior ou menor impacto dependendo da época em que for vivida pelo indivíduo.
Modelo de efeito biológico indireto: Segundo este modelo, os fatores biológicos não determinariam a orientação sexual em si, apenas a influenciariam através de características mais gerais, como personalidade e temperamento. Estas características gerais determinariam como o indivíduo experiência, interage e influencia o ambiente, inclusive no que tange a experiências importantes para a definição de sua orientação sexual. Esse modelo sugere, portanto, que as experiências formativas, por si só, ser fortemente influenciadas pelas variáveis de personalidade.
A existência de dados biológicos sobre as causas da homossexualidade é compatível com os três modelos. A distinção entre eles aparece na interpretação que diferentes autores dão aos achados mais robustos existentes na literatura até o momento. O primeiro deles é que a propensão a engajar-se em jogos masculinos parece ser influenciada pela exposição pré-natal a hormônios masculinos. O segundo é que, quando comparados com homens heterossexuais, mais homossexuais referem uma aversão a jogos masculinos na infância. O terceiro é que, comparados a heterossexuais, mais homens homossexuais referem que seus pais tinham comportamento distante ou de rejeição. Na interpretação do modelo direto, a aversão da criança a jogos caracteristicamente masculinos representa uma expressão de um arcabouço cerebral previamente programado para o comportamento homossexual. Esta é a posição de Richard Isay, um psicanalista que sugere que fatores biológicos direcionam o cérebro para uma orientação ao mesmo sexo e revertem a polaridade do complexo de Édipo. De acordo com esse modelo, meninos pré-homossexuais são eroticamente interessados por seus pais durante o período edípico. Isay especula que, de fato, na vida adulta, homossexuais masculinos podem recordar seus pais como frios ou distantes como uma forma de defesa contra a tomada de consciência da atração que sentiam por seus pais na infância.
Alternativamente, a interpretação do modelo indireto postula que uma aversão biologicamente determinada a brincadeiras masculinas não necessariamente implica em predisposição à homossexualidade. Ao invés disso, essa aversão se torna um potente fator predisponente ao desenvolvimento de comportamento homossexual em determinados ambientes- talvez em ambientes em que este comportamento seja estigmatizado, levando o menino a perceber-se como diferente de seu pai e dos outros homens . Nesse cenário, a ausência do pai poderia contribuir, mais do que causar, a homossexualidade do filho. Sendo assim, a aversão a jogos masculinos poderia não ter nenhuma contribuição na determinação da orientação sexual em ambientes em que este comportamento fosse plenamente aceito.Baseado no modelo indireto, pode-se conjecturar que um sem número de variáveis biológicas influenciam diversas características de personalidade que podem predispor à homossexualidade em uma ambiente e heterossexualidade em outro.

Pesquisa de fatores neuroendócrinos
Historicamente, grande parte da pesquisa biológica baseou-se na premissa de que homens gays e lésbicas eram, de alguma maneira, constitucionalmente intermediários entre seus congêneres heterossexuais. Este pressuposto levou à investigação de vários atributos físicos, como genitália, proporção do esqueleto, pêlos faciais e cromossomos. Entre os anos 50 e 70, uma quantidade considerável de estudos examinou o sistema endócrino de homossexuais à procura de níveis atípicos de hormônios sexuais em gays e lésbicas. A esmagadora maioria dos estudos não demonstrou nenhuma diferença.
Hipótese Hormonal Pré-natal:
Esta hipótese é correntemente o maior foco de pesquisa na biologia da homossexualidade. Ela postula que os cérebros de homens e mulheres diferem estruturalmente e que estas diferenças resultam de influências hormonais precoces no feto em desenvolvimento. Esta perspectiva também vê a orientação sexual como um derivado de um processo desenvolvimental hormonalmente influenciado levando à diferenciação sexual do cérebro. Esta é, ocasionalmente referida como hipótese intersexual da homossexualidade. Esta hipótese baseia-se em observações feitas em roedores em que os padrões de posturas no coito são fortemente influenciados pela quantidade de hormônios androgênicos a que os animas são expostos na vida intra-uterina, durante o período de diferenciação de algumas estruturas cerebrais. Porém, segue sendo problemática a extrapolação de dados de roedores para os seres humanos. Enquanto que, nos ratos, a definição de orientação sexual é feita pela aquisição de determinados comportamentos e posturas, no homem é feita de forma absurdamente mais complexa, por um padrão de responsividade e preferência erótica de parceiros do mesmo sexo.

Orientação sexual após exposição pré-natal a hormônios em humanos
Eticamente, é impossível expôr propositalmente fetos a níveis suprafisiológicos de hormônios sexuais. Porém, é possível avaliar a orientação sexual de indivíduos sabidamente expostos a estes hormônios. De fato, ao rever-se os estudos a respeito de deficiência androgênica em fetos masculinos em formação e exposição excessiva a androgênios em fetos masculinos, o que se verifica é uma grande dificuldade na interpretação dos resultados. Hormônios podem, sim, dificultar a diferenciação sexual e produzirem diferentes graus de genitália ambígua, porém, no que se refere à orientação sexual a avaliação é muito mais difícil. Estes indivíduos freqüentemente são submetidos a uma ou mais cirurgias visando corrigir a ambigüidade genital que, mesmo que feitas precocemente, podem deixar marcas ou cicatrizes que venham a ser fonte de preocupação para o indivíduo. Além disso, os pais podem seguir tratando a criança de maneira ambíguas.
Características antropométricas:
Diversos estudos têm sido realizados a partir da suposição de que indivíduos homossexuais possuem determinadas características físicas que são intermediárias entre homens e mulheres heterossexuais. Estas características incluem não apenas peso e altura, mas também a quantidade e distribuição de pêlos faciais, relação cintura/quadril, o tamanho da genitália e, mais recentemente relação entre o tamanho dos dedos das mãos e características dos dermatóglifos. Nenhum desses estudos produziu resultados definitivos.
Recentemente, o estudo BBC Internet Research Program encontrou uma associação fraca entre ser canhoto ou ambidestro e estar entre os irmãos mais velhos na ordem do nascimento com homossexualidae masculina e feminina.

Dismorfismo sexual neuroanatômico:
Desde o início dos anos 80, os pesquisadores do comportamento sexual animas t6em descrito diferenças entre os sexos na morfologia e função em algumas áreas do hipotálamo relacionadas a comportamento sexual dismórfico. Foi demonstrado que esta área se diferencia a partir da exposição precoce a androgênios. A área mais implicada foi o núcleo sexualmente dismórfico pré-ótico, que é de 5 a 8 vezes maiôs no cérebro de ratos machos e que, quando estimulado, produz aumento no comportamento de montar na cópula. Alguns estudos sugerem que um mecanismo análogo pode ocorrer no cérebro humano, com uma área semelhante estando com tamanho diminuído em homens homossexuais.
Pesquisa Genética
Estudos de pedigree: Alguns estudos têm sido direcionados para a comparação da taxa de concordância de orientação homossexual entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos. De fato, em gêmeos idênticos a concordância para homossexulidade masculina é de 52% e, em fraternos, é de 22%. Assumindo-se que as influências ambientais seriam as mesmas para os dois tipos de pares de gêmeos, estes resultados são consistentes com a existência de um componente genético. Alguns autores costumam usar, também, a semelhança entre diferentes características corporais entre irmãos e a concordância em relação à orientação sexual, ou seja, quanto mais semelhantes morfologicamente os irmãos são, maior o compartilhamento de material genético e, portanto, maior a concordância em relação à homossexualidade. Estes autores não comentam porém, como levar-se em conta, neste tipo de raciocínio, todos os genes que, por não codificarem características físicas, não são levados em conta nesse tipo de análise.
Estudos de ligação: Não existem evidências que suportem uma associação simples e direta entre um gene e um fenômeno psicológico tão complexo como a homossexualidade. Um estudo publicado em 1993 associava uma mutação no cromossomo X na região q28 a comportamento homossexual masculino e obteve grande publicidade na imprensa leiga. Posteriormente, porém, os resultados não foram confirmados em estudos mais robustos.


Estudos Transculturais
Os estudos antropológicos da sexualidade humana têm demonstrado uma variação enorme na organização sexual e de gênero e no comportamento sexual em diferentes culturas. Um dos pesquisadores que mais se dedicam ao estudo transcultural da homossexualidade é Gilbert Herdt, em especial a partir da descrição de comportamentos homossexuais ritualizados em integrantes da tribo Sambia, em Papua Nova Guiné. Herdt desenvolveu um modelo de que o desenvolvimento sexual ocorre de três possíveis maneiras, no que tange à sua dimensão social:
Desenvolvimento linear: comportamento sexual que ocorre sem modificação significativa da orientação sexual ao longo da vida.
Desenvolvimento seqüencial: padrão de comportamento que incorpora mudanças importantes de orientação sexual ao longo da vida.
Desenvolvimento emergente: padrão em que algum grau de ambigüidade na orientação sexual permanece durante diferentes fases da vida.
Herdt também descreveu uma tipologia da homossexualidade baseada na organização transcultural do comportamento homossexual. O primeiro tipo seria a homossexualidade idade-estruturada, usualmente envolvendo homens mais jovens e mais velhos e geralmente incluindo um padrão seqüencial de prática sexual com o mesmo sexo na infância e adolescência e evoluindo para a heterossexualidade na vida adulta. Um exemplo disso é o padrão de relacionamento homossexual masculino na Grécia antiga. Uma segunda forma de homossexualidade seria a homossexualidade de reversão de gênero, em que há um direcionamento para o comportamento do outro gênero. Isso ocorre na tribo indígena norte-americana Berdache, em que os homens podem assumir o papel feminino e terem atividade homossexual. O terceiro tipo identificado por Herdt é a homossexualidade de papel especializado, em que a atividade homossexual é restrita a alguns papéis e posições sociais. Este tipo ocorre entre xamãs e pagés e entre as mulheres chinesas do século XIX. Por fim, Herdt particulariza, também, o movimento gay moderno, como um quarto tipo de organização social homossexual.
Os estudos transculturais ampliam os limites de qualquer explicação única para a homossexualidade. Há imensas variações na organização e no significado das práticas sexuais com pessoas do mesmo sexo em diferentes culturas. Possivelmente, estudos transculturais futuros elucidarão o papel de fatores sociais, como a industrialização, urbanização, religião e classe social, que, sem dúvida, influenciam a forma pela qual o desejo e o comportamento sexual se delineiam em diferentes culturas.

Modelos Psicanalíticos

"É impossível afirmar que Freud estava certo ou errado, pois ele
sempre está as duas coisas."
Steven Marcus

A psicanálise clássica situa o desenvolvimento da heterossexualidade no fenômeno denominado por Freud de complexo de Édipo. A partir dos três anos de idade, a criança enfoca mais intensamente seus genitais como fonte de prazer. Acompanhando esse interesse, há um anseio intensificado de ser o objeto exclusivo de amor da figura parental do sexo oposto. Nesse momento, o referencial de relacionamento diádico mãe-criança altera-se para um padrão triangular, onde a criança identifica um rival a disputar afeto do genitor do sexo oposto. No caso do menino, o primeiro objeto de afeto é a mãe, não requerendo um desvio de sua afeição. Ele deseja dormir com ela, acariciá-la e ser o centro do seu mundo. Como o pai interfere nos seus planos, a criança desenvolve desejos assassinos direcionados ao seu rival. Esses desejos resultam em culpa, medo da retaliação pelo pai e ansiedade frente a esta retaliação iminente. Freud repetidamente observou que a principal fonte de ansiedade durante esta fase do desenvolvimento é que a retaliação paterna venha na forma de castração. A fim de impedir tal punição, o menino renuncia a esta disputa sexual por sua mãe e identifica-se com seu pai. Essa identificação faz com que o menino resolva buscar uma mulher como sua mãe para ser como o seu pai.
Freud apresentou mais dificuldade para explicar o desenvolvimento edípico na menina. Uma das formas que ele utilizou foi supor que o desenvolvimento feminino seja basicamente análogo ao masculino. Conforme a visão de Freud, enquanto que, nos meninos, o complexo de Édipo resolvia-se através do medo da castração, nas meninas ele era iniciado pela consciência de uma suposta castração inata (a menina interpretaria a ausência do pênis nela mesma como castração). Nesse momento, a menina se voltaria para o pai, elegendo-o como objeto de amor e desejando ter um filho seu, a fim de substituir seu anseio de possuir um pênis.
Em seu trabalho "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade", Freud denomina a homossexualidade de "inversão". Os graus de inversão foram analisados e de maneira geral separados em 3 grupos:
1- invertidos absolutos os quais nunca tiveram como objeto de anseio sexual alguém do sexo oposto,pelo contrário,podem até ter aversão sexual ao sexo oposto;(em sua forma mais extrema pode se supor regularmente que a inversão existiu desde época muito prematura e que a pessoa encontra se em consonância com sua peculiaridade.)
2- invertidos anfígenos aos quais falta à inversão o caráter de exclusividade;
3- invertidos ocasionais que em determinadas situações podem tomar como objeto sexual pessoas do mesmo sexo e terem satisfação com elas.
As relações temporais também foram analisadas e foi observada ampla variabilidade:

”.Esse traço pode vir desde sempre,conforme o indivíduo pode lembrar ou ter se feito notar mais tarde,antes ou após a puberdade.Pode perdurar por toda a vida ,ser suspenso ou até mesmo constituir um episódio no caminho do desenvolvimento normal.Acontece também da inversão exteriorizar se mais tarde após um longo período de atividade sexual normal.(muitas vezes após uma experiência penosa com um objeto sexual normal.)”.

Freud não considerou a homossexualidade como doença, e apontou a ocorrência da inversão em pessoas que inclusive se destacavam por um desenvolvimento intelectual e uma cultura ética elevados. Essas pessoas poderiam comportar-se normalmente em todas as outras situações da vida, ou seja, essas pessoas não necessariamente apresentavam evidências de conflito intrapsíquico. Além disso, avaliou que em muitos povos antigos, a inversão foi inclusive uma instituição dotada de importantes funções. Freud demonstrou, também, influências facilitadoras ou inibidoras que levavam a fixação da inversão, tais como relacionamento exclusivos com o mesmo sexo,companheirismo na guerra,detenção em presídios, riscos da relação heterossexual, celibato, fraqueza sexual, etc.
Para Freud nem a hipótese de que a inversão é inata nem tampouco adquirida explicavam a sua natureza:
”No primeiro caso é preciso dizer o que há nela de inato,para que não se concorde com a explicação rudimentar de que a pessoa traz consigo,em caráter inato o vínculo da pulsão sexual com determinado objeto sexual.No outro caso cabe perguntar se as múltiplas influencias acidentais bastariam para explicar a aquisição da inversão sem necessidade de que algo no indivíduo fosse ao encontro delas."

Para Freud um componente homossexual pode ser registrado no desenvolvimento de todos os seres humanos. Ele acreditava em uma bissexualidade constitucional, presente em todos os indivíduos e preferências por atividades homossexuais na vida adulta resultavam do que ele denominou “fixação” ou suspensão do desenvolvimento do instinto sexual nessa etapa .Portanto, a homossexualidade seria uma manifestação de imaturidade sexual. Embora a bissexualidade seja universal, Freud acreditava que algumas pessoas eram mais propensas do que outras a apresentarem comportamento homossexual. Ele acreditava que experiências de vida, particularmente as traumáticas poderiam ter impacto na expressão de instintos inatos.
Quanto à possível prevenção da inversão, Freud acreditava que adolescentes teriam amizades apaixonadas por pessoas do mesmo sexo e a força que repele a inversão permanente do objeto sexual seria a atração sexual que os caracteres sexuais opostos exercem entre si. Mas esse fator não basta. Acima de tudo, há o entrave autoritário da sociedade. Quando a inversão não é considerada um crime, vê-se que ela aparece com mais freqüência. No tocante ao homem, suas lembranças do amor materno ou de outras figuras femininas que o cuidavam contribuem para uma futura escolha de um objeto do sexo feminino, ao passo que a intimidação sexual precoce que experimentou por parte de seu pai e sua atitude competitiva em relação a ele o desviam de uma escolha de um objeto do sexo masculino. Nas meninas o fato da atividade sexual ficar sobre a guarda especial da mãe geraria uma relação hostil com o mesmo sexo que influencia decisivamente a escolha do objeto no sentido considerado normal.
Além disso, a educação dos meninos por pessoas do sexo masculino (escravos, na antiguidade), parece favorecer a homossexualidade. Em muitos histéricos vê-se que a ausência precoce de um dos pais pode determinar o sexo do objeto a ser escolhido, de acordo com o sexo do genitor que absorveu todo o amor da criança.
Wilhelm Stekel, em sua obra "Amor Bissexual" refere que as pessoas têm originalmente predisposições bissexuais .Os heterossexuais reprimem na puberdade sua homossexualidade, sublimam parte de suas inclinações homossexuais em amizade, nacionalismo, obras de cunho social, etc. Se essa sublimação falha, a pessoa se torna neurótica. Quando a heterossexualidade é reprimida, a homossexualidade prevalece. No caso do homossexual, a heterossexualidade reprimida e parcialmente superada estabelece a disposição neurótica. Quanto mais fortemente a heterossexualidade for sublimada, maior será a semelhança apresentada pelo homossexual a indivíduos normais.Para ele não há homossexualidade nata, nem heterossexualidade nata. Há somente bissexualidade.
Após a morte de Freud, ganhou um importante espaço na psicanálise, a teoria de Sandor Rado, especialmente na década de 40. Este autor considerava a homossexualidade como doença, especificamente como uma evitação fóbica do sexo oposto, causada por proibições parentais da expressão sexual da criança. Isto levou alguns psicanalistas a acreditarem que eles poderiam e deveriam curar a homossexualidade.
A psicanálise contemporânea expandiu-se no estudo da sexualidade. Alguns psicanalistas carregam em si resquícios desses dois modelos teóricos (homossexualidade como imaturidade e homossexualidade como doença), mas, cada vez mais, observa-se a incorporação dos conhecimentos da biologia e, também, uma maior interface da psique com a cultura.

Tabela 1. Explicações psicanalíticas para a homossexualidade.

Interrupção do desenvolvimento psicossexual
Medo da castração
Medo do engolfamento materno na fase pré-edipica
Forte fixação na mãe
Ausência de um pai efetivo
Inibição do desenvolvimento pelos pais
Regressão a um estágio narcisista do desenvolvimento
Perdas em competições com irmãos e irmãs
Falta de resolução da inveja do pênis (mulheres)


Modelos Psicossociais
Ao contrário das teorias psicanalíticas, que localizam na infância a origem da orientação sexual, outros modelos psicossociais foram desenvolvidos a partira da segunda metade do século XX, contemplando os efeitos que as modificações físicas, cognitivas e emocionais exercem sobre a orientação sexual ao longo de todo o ciclo vital. Autores da tradição de Kinsey descrevem como sendo importantes na infância não apenas os fatores classicamente estudados na psicanálise, como o trauma ou as perturbações na relação familiar, mas outros, como, por exemplo um senso de ser diferente. Estudos demonstraram que, a inconformidade precoce com o gênero e que o “sentir-se diferente” na infância são mais comuns em adultos homossexuais do que nos heterossexuais, podendo ser preditores de orientação para o mesmo sexo.
Uma outra discussão que, cada vez mais ocupa espaço na sociedade contemporânea, é a relacionada à aquisição da identidade gay ou lésbica.
Sabe-se que não há uma concordância absoluta em relação à identidade sexual declarada e o comportamento sexual, ou seja, um homem pode reconhecer-se como heterossexual e, ainda assim, ter relações sexuais exclusivamente com outros homens. Pathela e colaboradores demonstraram, inclusive, que, quando comparados a homens que faziam sexo com homens e que se declaravam gays, este grupo tinha menos probabilidade de ter sido testado para HIV e menos probabilidade de fazer uso de preservativo, fazendo com que o foco da equipe de saúde necessariamente se deslocasse da orientação sexual declarada e passasse a direcionar-se para o comportamento.
Embora o comportamento homossexual, sem dúvida, tenha sempre existido, o auto-conceito de ser homossexual é relativamente novo. Embora os termos "revelar-se" ou "sair do armário" refira-se ao conhecimento público da homossexualidade de alguém, há um revelar-se interior análogo. A construção ou a descoberta da identidade homossexual ainda é pouco estudada, mas é de importância crucial para o entendimento do individuo e da sociedade.

Conclusões


O comportamento homossexual, a definição da identidade gay ou lésbica e a elucidação sobre as causas da homossexualidade ainda são grandes enigmas na sociedade moderna. É importante lembrar, também, que o conhecimento sobre o desenvolvimento da própria heterossexualidade também é incipiente. Ethel Person declara:
"…a exigência de sexólogos e psicanalistas de que uma explicação etiológica seja fornecida para a homossexualidade, mas não para a heterossexualidade, não faz sentido...já temos uma noção mais completa do sexo biológico e de gênero, da mesma forma, reclamamos uma teoria de sexualidade que seja mais complexa do que a que existe atualmente."

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www.biblionline.com.br

www.portaldasexualidade.com.br

autores: Cláudia Vazquez, Chrislaine, Elisa Brietzke, João Antônio Rodrigues Júnior, Patrícia Schaefer Thomazelli
2007

segunda-feira, 22 de março de 2010

Será a felicidade necessária ??

Felicidade é uma palavra pesada. Alegria é leve, mas felicidade é pesada. Diante da pergunta "você é feliz?", os dois fardos são lançados às costas do inquirido. O primeiro é procurar uma definição para felicidade, o que equivale a rastrear uma escala que pode ir da simples satisfação de gozar de boa saúde até a conquista da bem-aventurança. O segundo é examinar-se, em busca de uma resposta. Nesse processo, depara-se com armadilhas. Caso se tenha ganhado um aumento no emprego no dia anterior, o mundo parecerá belo e justo; caso se esteja com dor de dente, parecerá feio e perverso. Mas a dor de dente vai passar assim como a euforia pelo aumento de salário, e se há algo imprescindivél na difícil conceituação de felicidade, é o caráter de permanência. Uma resposta consequentemente exige colocar na balança a experiencia passada, o estado presente e a expectativa futura. dá trabalho, e a conclusão pode nao ser clara.

Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. É uma tendência que se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960. É irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito e pouco dinheiro, que sejam bem-sucedidos na profissão. O que espero, eis a resposta correta, é que sejam felizes. Ora a felicidade é uma coisa grandiosa. É esperar, no mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se ainda for pouco, que atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencheer caderno de encargos mais cruel para a pobre criança.




"É a felicidade necessária?" é a chamada de capa da última revista New Yorker ( 22 de março) para um artigo, que assinado por Elizabeth Kolbert, analisa livros recentes sobre o tema. No caso, a ênfase está nas pesquisas sobre a felicidade ( ou sobre "satisfação", como mais modestamente às vezes são chamadas) e no impacto que exercem, ou deveriam exercer, nas políticas públicas. Um dos livros analisados, de autoria do ex-presidente de Harvard Derek Bok ( The Politics of Happines: What Government Can Learn From the New Research on Well-Being), constata que nos ultimos 35 anos o PIB per capita dos americanos aumentou de 17 000 dólares para 27 000, o tamanho médio das casas cresceu 50% e as famílias que possuem computador saltaram de zero para 70% do total. No entanto, a porcentagem dos que se consideram felizes não se moveu. Conclusão do autor, de lógica irrefutável e alcance revolucionário: se o crescimento econômico não contribui para o aumentar a felicidade, "por que trabalhar tanto, arriscando desastres ambientais para continuar dobrando e redobrando o PIB?"
Outro livro, de autoria de Carol Graham, da Universidade de Maryland (Happines aroud the Word: the Paradox of happy Peasants ans Miserable Millionaires), informa que os nigerianos, com seus 1 400 dólares de PIB per capita, atribuem-se grau de felicidade equivalente aos do japoneses, com PIB per capita 25 vezes maior, eque os habitantes de Bangladesh se consideram duas vezes mais felizes que os da Rússia, quatro vezes mais ricos. Surpresa das surpresas, os afegãos atribuem-se bom nível de felicidade, e a felicidade é maior nas áreas dominadas pelo Talibã. Os dois livros vão na mesma direção das conclusões de um relatório, também citado no artigo da New Yorker, preparado para o goveno francês por dois detentores do prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen e Joseph Stigliz. Como exemplo de que PIB e felicidade não caminham juntos, eles evocam os congestionamentos de trânsito, "que podem aumentar o PIB, em decorrência do aumento do uso de gasolina, mas não a qualidade de vida".

Embora embaladas com números e linguagem científica, tais conclusões apenas repisariam o pedestre conceito de que dinheiro não traz felicidade, não fosse que ambicionam influir na formulação das políticas públicas. O propósito é convidar os governantes a afinar seu foco, se têm em vista o bem-estar dos governos (e podem eles ter em vista algo mais relevante?). Derek Bok, o autor do primeiro dos livros, acpnselha ao governo americano programas como estender o alcance do seguro-desemprego ( as pesquisas apontam a perda de emprego como maus causadora de infelicidade do que o divórcio), facilitar o acesso a medicamentos contra a dor e a tratamentos da depressão e proporcionar atividades esportivas para as crianças. Bok desce ao mesmo nível terra a terra da mãe que trocasse o grandioso desejo de felicidade pelo de uma boa faculdade e um bom salário para o filho.
fonte: Roberto Pompeu de Toledo -Revista Veja, ed 2157 - ano43 - N 12 / p 142