segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dependência da Internet



Qantas vezes por dia você checa seu e-mail?


Quantos seguidores você já conquistou no twitter?


Já disse hoje o que você está pensando no facebook?









A Dependência da Internet manifesta-se como uma inabilidade do indivíduo em controlar o uso e o envolvimento crescente com a Internet e com os assuntos afins, que por sua vez conduzem a uma perda progressiva de controle e aumento do desconforto emocional.

Com efeitos sociais significativamente negativos, os indivíduos que despendem horas excessivas na Internet, tendem a utilizá-la como meios primários de aliviar a tensão e a depressão, apresentam a perda do sono em conseqüência do incitamento causado pela estimulação psicológica e a desenvolver problemas em suas relações interpessoais. Além disso, os dependentes usam a rede como uma ferramenta social e de comunicação, pois têm uma experiência maior de prazer e de satisfação quando estão on-line, podendo este ser um fator preditor para a dependência.

Nesta vertente, alguns estudos consideram a sensação subjetiva de busca e/ou a auto-estima rebaixada, timidez, baixa confiança em si mesmo e baixa pró-atividade como outros fatores preditores para o uso abusivo da Internet.

Critérios de dependência de Internet

Apresentar, pelo menos, 5 dos 8 critérios abaixo descritos:

(1) Preocupação excessiva com a Internet (2) Necessidade de aumentar o tempo conectado (on-line) para ter a mesma satisfação (3) Exibir esforços repetidos para diminuir o tempo de uso da Internet (4) Apresentar Irritabilidade e/ou depressão (5) Quando o uso da Internet é restringido, apresenta labilidade emocional (Internet como forma de regulação emocional) (6) Permanecer mais conectado (on-line) do que o programado (7) Ter o Trabalho e as relações familiares e sociais em risco pelo uso excessivo (8) Mentir aos outros a respeito da quantidade de horas conectadas.

Tipos de Dependência E-mails, chats (salas de bate-papo), jogos on-line, compras, sites com conteúdo especifico (eróticos, de relacionamento, bolsa da valores, busca de informações e etc).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Relações Interpessoais - cooperação!


O texto que é apresentado descreve modos de relacionamentos interpessoais, onde como construir uma parceria saudavel ou não, o que recorda um texto escrito pelo psiquiatra Flavio Gikovate, Sawabona Shikoba (SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer "eu te respeito, eu te valorizo, você é importante pra mim"; em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é "então eu existo pra vc") , onde este descreve sobre os novos rumos de um relacionamento, onde o saudavel é construir uma relação com base na união de dois inteiros, uma "parceria".


Os relacionamentos interpessoais acontecem em diversas esferas e indubitavelmente são alguns dos mais imprevisíveis da natureza. As relações entre animais menos desenvolvidos intelectualmente são essencialmente regidas pelo instinto, uma manifestação natural das necessidades biológicas.
O homem, no entanto, é uma das únicas criaturas conscientes de seus instintos irracionais e capaz de sobrepujá-los, podendo fazer escolhas dando preferência a outros aspectos da consciência. Isso amplia exponencialmente a complexidade das relações humanas, uma vez que somos dotados de uma imensurável diversidade emocional. As circunstâncias que motivam a interação humana são variadas, porém, por unanimidade, é sempre estabelecida uma relação de troca.
Seja amistoso, afetivo ou profissional, qualquer relacionamento envolve expectativas, responsabilidades, decepções, vantagens, enfim, apenas o fato de envolver ao menos duas pessoas já faz desse envolvimento algo excepcional. Ter de conviver e eventualmente depender de outro indivíduo pode não ser confortável para muitos, não é raro encontrar pessoas que escolhem a solidão por ter outras prioridades.
Isso, porém, apenas acontece em relações onde não há coerência, onde há desigualdade em benefícios e malefícios. Há uma palavra que determina o sucesso de qualquer relacionamento, um elemento sem o qual duas pessoas jamais poderiam conviver adequadamente: cooperação.
Em uma relação cooperativa, ambos os lados saem satisfeitos. É o formato ideal e almejado por todos, porém exige pessoas empáticas e maduras o suficiente para entender que nem sempre será feita apenas sua própria vontade, que há de haver a busca pelo consenso. Quando há negociações produtivas, as soluções acordadas são de soma ampliada, de modo que as partes entendem que conseguiram um resultado melhor do que se o tivessem feito sozinhos.
O curioso é que nesse tipo de relação, não há dois lados, mas apenas um lado vencedor, o que ambos construíram e que, pois, os torna mais confiantes, motivados e comprometidos. Uma relação exige cuidados e muitas vezes eles incluem a abdicação voluntária do Eu para a melhor manutenção do Nós, que poderá ser o melhor a longo prazo. O benefício principal dessa abordagem é que, uma vez visualizados seus efeitos, os indivíduos a percebem como melhor opção e se sentem confiantes para continuar empregando-a, de modo a prolongar os benefícios.
Essa fórmula serve para todo o tipo de relacionamentos, pois se no relacionamento comercial há a troca de bens, nos amorosos e amistosos há a troca de afeto, que também precisa ser bem direcionada. Caso contrário, a relação não será positiva para ambos, de modo que irá de fato se tornar uma relação unilateral, porém onde o lado egoísta/possessivo se beneficiará do passivo/submisso.

sábado, 3 de abril de 2010

AMOR




O que é o amor? Essa é uma pergunta que vem intrigando a humanidade há séculos e, apesar de todo esse tempo, fazer amor continua sendo muito mais fácil que falar dele. Além de parecer impossível limitar a idéia de amor dentro dos limites de um conceito, corre-se o risco de se exceder no cientificismo sobre um tema que, desde sempre, nos familiarizamos em prosa e verso de forma muito mais sublime e agradável.
O amor aparece nas mais diversas áreas do pensamento humano, da poesia à imagem funcional cerebral, da mitologia à patologia, da razão para o prazer à motivação para o crime. Afirmações como “isso é amor”, ou seu contrário, “não, isso não pode ser amor” oscilam ao sabor das conveniências da situação. Mas cada um sabe exatamente como está sentindo seu amor, ou lamentando a falta dele, se regozijando ou sofrendo com ele, explicando que tipo de amor é o seu, reclamando reciprocidade, exigindo cumplicidade ou ocultando o amor proibido. Talvez a única certeza que podemos ter em relação ao amor é que sobre ele parece não termos nenhum controle.
Nietzsche, grande filósofo alemão do século XIX, escreveu que “a maior parte da filosofia foi inventada para acomodar nossos sentimentos às circunstâncias adversas, mas tanto as circunstâncias adversas como nossos pensamentos são efêmeros”, deduzindo, então, que pensamentos e circunstâncias passam, mas os sentimentos não. O amor é um desses sentimentos que devem ser tratados pela filosofia, principalmente porque ele parece transcender a realidade.
Acreditava, Nietzsche, que o amor chega quando se tenta desejar o bem em sua totalidade para algo. Dizia que quando amamos juntamos todas as melhores propriedades das coisas mais maravilhosas e perfeitas do mundo, e consideramos similares ao objeto amado. Com afirmações desse tipo, estapafúrdias, concluí-se que o sentimento do amor pode distorcer a representação da realidade, pode afastar a pessoa da realidade compartilhada pela maioria, tal como se tratasse de idéias supervalorizadas ou uma certa obsessão.
Sempre se distinguiram dois ou mais “tipos” de amor. Platão foi o primeiro a comentar sobre isso, em o "Banquete", definindo o “Amor Autêntico”, como aquele que liberta o indivíduo do sofrimento e conduz sua alma ao banquete divino, em distinção do "Amor Possessivo", o qual persegue o outro como um objeto a devorar, possuir e sufocar.
Muito tempo depois, esta conceituação foi retomada por Immanuel Kant. Para Kant, somente o "amor-ação" é o verdadeiro amor altruísta e aceitável, uma vez que se manifesta com preocupação verdadeira e desinteressada pelo bem estar do outro, da pessoa amada. Em contra-partida, falava no “amor-paixão”, egoísta e impossível de se controlar, voltado aos interesses próprios, manifestando o desatino e desprezo pelo outro. Na idéia de Kant, o amor paixão tende a satisfazer muito mais quem ama do que quem é amado (Clement, 1997).
Kant separava o “amor-afeto” e o “amor-paixão”, enaltecendo um pouco mais o primeiro, sugestivo de amor romântico, do que o segundo. Além desses amores dos amantes, para Kant existe ainda o “amor-virtude”. O amor-virtude seria mais ligado ao sentimento de fraternidade, ao preceito de “amar o próximo como a si mesmo”. Ao menos didaticamente Kant nos parece mais interessante.
Alguns autores mais recentes acham que a atenção, carinho, zelo e cuidados em relação à pessoa amada devem ser esperados em qualquer relacionamento amoroso saudável e, por saudável, devemos entender o relacionamento que jamais proporcionará sofrimento, seja da pessoa que ama seja de quem é amado (Simon, 1982 e Fisher, 1990).
Alguns dizem que o amor é uma forte inclinação da alma para um objeto ou pessoa. Mas essa afirmação foge do critério científico, já que nesse campo nem se sabe com certeza se a alma existe, se tem inclinações, se faz escolhas...
Aliás, pode parecer redundante e pouco útil, tentar definir esse sentimento universalmente experimentado e sabido pelos seres humanos ao longo de toda sua história. Também soa estranho acreditar que o amor, lindo, engrandecedor, poético, lírico e prazeroso, cantado em verso e prosa, possa ser fonte de sofrimento. Há casos onde esse sentimento torna-se completamente obsessivo, tirano e opressivo, fanático e egocêntrico, produzindo sofrimento.
Quem sofre ou faz sofrer, contudo, não é o amor em si, mas a pessoa que desloca para o sentimento amoroso suas alterações psíquicas, seja dos traços de sua personalidade, seja de seus conflitos e complexos interiores. Não são raras as pessoas que, contrariando o bom senso e a crítica razoável, deixam tudo para viver um grande amor, aumentando perigosamente a possibilidade de serem infelizes, ainda que amando.
Aliás, parece ser tênue a separação entre a paixão e a perda da razão (desrazão), uma vez que a pessoa apaixonada costuma perder alguma porção de sua crítica e da capacidade em avaliar verdadeiramente a realidade. Quando deixa de haver controle no amor, quando se compromete a liberdade de conduta ou quando esse sentimento passa a ser absoluto e em detrimento de outros interesses e atitudes antes valorizadas, podemos estar diante de um quadro chamado Amor Patológico (Norwood, 1985). Nessa patologia do amor a obsessão em pensar seguidamente na pessoa amada faz sofrer muito, principalmente diante de tudo aquilo que dificulte, impeça ou atrapalhe a vivência de seu amor.
Segundo algumas hipóteses, é bastante provável que esse quadro de Amor Patológico possa estar associado a outros transtornos psiquiátricos, tais como quadros depressivos e ansiosos (Wang, 1995). Pensa-se também que o Amor Patológico possa ocorrer isoladamente em personalidade mais propensas e vulneráveis (Gjerde, 2004), ou ainda em pessoas com extrema baixa auto-estima, (Bogerts, 2005). Em casos mais expressivos o Amor Patológico vem acompanhado de sentimentos invasivos de rejeição, de abandono e de raiva (Donnellan, 2005).
Em psiquiatria os eventos não são binários, ou seja, não são certos ou errados, feios ou bonitos, verdadeiros ou falsos. Aqui as situações comportam graduações entre extremos, de forma que podemos ter o amor com prazer, com menos prazer, com incômodo, com um pouco de sofrimento, com muito sofrimento e até o chamado Amor Patológico.
Sobre a possibilidade de o amor ser uma das mais claras manifestações de nosso egoísmo, ou egocentrismo, Nietsche dizia que todos acreditamos querer a pessoa amada e que ao acreditar que a queremos também acreditamos que esta é a solução para todas as nossas necessidades, ou para todas as necessidades de nossos sentimentos.
Essa hipótese pode ser mais bem exemplificada quando se diz que “te amo porque você é uma maravilha (e, evidentemente, quero regalar-me com essa maravilha)”. Obviamente, em seguida existe a colocação que “te necessito, eu te quero”. Ou, conforme podem dizer as pessoas mais apaixonadas; “não posso mais viver sem você”. Por enquanto tudo isso diz respeito ao bem estar da pessoa que ama e não, necesariamente, da pessoa amada.
Como se vê, nas questões do amor, como em tantas outras, o ponto de referência continua sendo a própria pessoa, seu bem estar emocional, sua satisfação em estar perto da pessoa amada, o conforto afetivo de se saber amada.
Organicamente ou fisiologicamente, dois sistemas neuronais parecem implicados na escolha e determinação da preferência por um parceiro específico. O sistema mediado pela dopamina, o dopaminérgico córtico-estriatal, por um lado, e o sistema de neuropeptídeos transmissores por outro.
Robinson estudou as projeções dopaminérgicas das estruturas corticais para o núcleo accumbens, na porção anterior do corpo estriado, considerando-os elementos fundamentais para preservação da espécie e do indivíduo. Além de um papel relevante em comportamentos motivados e relacionados ao apetite, esse sistema dopaminérgico também está implicado na capacidade de vinculação social (Robinson, 1993).


Outros estudos mostram a relevância da dopamina para a formação do apego, sendo que a administração de haloperidol, que diminui a dopamina, bloqueia o apego, enquanto a apomorfina (que aumenta a dopamina) incrementa o estabelecimento da parceria em ratos (Aragona, 2003).
Há trabalhos expressivos com neuropeptídeos transmissores, como ocitocina, vasopressina e opióides endógenos. A ocitocina e a vasopressina parecem se dividir entre comportamentos próprios do gênero feminino e masculino, atuando, respectivamente, em cada gênero como moduladores da preferência por parceiros, ou seja, como bases neurobiológicas da fidelidade (Wang 2004).
Segundo Sophia, Tavares e Zilberman (2007), além da preferência por parceiro, em modelos animais, a ocitocina e a vasopressina se relacionam, respectivamente, à facilitação da interação mãe-filhote e contato físico sem fins sexuais em fêmeas. Os neurônios produtores de ocitocina e vasopressina, que estão localizados no núcleo paraventricular do hipotálamo, projetam-se para amídala e núcleo accumbens, onde se estabelece os sistemas sócio-sexual e de incentivo-motivação.
Também a beta-endorfina, segundo van Furth, agindo através dos receptores opióides localizados nos terminais dendríticos do núcleo accumbens é responsável pela sensação de consumação prazerosa do ato sexual e possivelmente de outros comportamentos instintivos (van Furth, 1995).


fonte: Ballone GJ - Complicações do Amor, in. PsiqWeb, Internet - disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2007